Título: Luizianne vai a Lula pedir socorro
Autor: Carmen Pompeu
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2005, Nacional, p. A6

A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), pedirá socorro ao governo federal para negociar a dívida deixada por seu antecessor, Juraci Magalhães (PMDB). Ela disse que a situação em Fortaleza é de falência. A dívida, segundo cálculos do secretário de Finanças, Alexandre Cialdini, é de R$ 342,1 milhões. Ou seja, mais de 10% da receita projetada para a cidade este ano: R$ 2 bilhões.

"Estou indignada com a dívida. Em cima dessa falência das contas, vamos decretar calamidade e buscar recursos federais. Também estamos negociando com os fornecedores e acho que é hora de os empresários mostrarem que querem uma Fortaleza diferente e sejam compreensivos", afirmou a prefeita. Ela deve ir a Brasília até o próximo dia 15.

A situação é tão crítica que o secretário de Finanças, Alexandre Cialdini, faz e refaz as contas para tentar honrar o pagamento do salário de dezembro, a partir do dia 10. Por lei, o pagamento deveria ser efetuado até o quinto dia útil do mês subseqüente, ou seja, até amanhã.

RECEITA

A prefeitura conta com R$ 26,5 milhões - 20,6 milhões da primeira cota-parte do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e R$ 5,8 milhões do repasse do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A folha, porém, é de R$ 40 milhões.

Com relação ao que falta, Luizianne terá de esperar a boa vontade dos fortalezenses em quitar por cota única o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). A Secretaria de Finanças planeja uma campanha na mídia incentivando a população a colaborar.

Como se não bastasse a grave situação financeira, o secretário de Infra-Estrutura, Luciano Falcão, foi surpreendido na segunda-feira com o sumiço de suprimentos de computadores, como discos rígidos e placas-mãe. O material, segundo o secretário, havia sido adquirido recentemente e estava guardado em estoque.

Dois Boletins de Ocorrências (BOs) foram registrados na 2.ª Delegacia de Polícia. Também foi criada uma comissão interna para investigar o caso. O prejuízo é estimado em R$ 7 mil.