Título: Governo quer o dobro de doutores até 2010
Autor: Leonel Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2005, Nacional, p. A7

O governo dará prioridade para financiamentos destinados a formar mestres e doutores em engenharia e ciências da computação. A decisão foi anunciada ontem pelo ministro da Educação, Tarso Genro, ao apresentar o Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) para o período 2005-2010, elaborado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A nova política de concessão de bolsas para a formação de mestres e doutores, de acordo com o ministro, leva em consideração a necessidade de o País formar profissionais que contribuam com novos conhecimentos para fortalecer a política industrial de comércio exterior do governo.

O Plano Nacional de Pós-Graduação prevê o aumento do número de mestres e doutores a cada ano, até chegar em 2010 com a formação de 16 mil profissionais com doutorado, o dobro do que foram formados em 2003. Para a ampliação gradual do número de vagas de pós-graduação nas áreas de engenharia e ciência da computação, o governo Lula pretende dobrar o orçamento para o financiamento destas bolsas, chegando a R$ 1,6 bilhão por ano.

"O governo não poderia definir uma política de formação de profissionais em pós-graduação sem estar intimamente ligada à política industrial e à concorrência econômica internacional", defendeu Tarso.

Segundo o ministro, o plano está imbricado nas relações comerciais internacionais do Brasil e para isso adotou os mesmos parâmetros adotados por países como Índia, Coréia e Cingapura, nossos concorrentes no mercado internacional.

O ministro Tarso Genro disse ainda que o Plano Nacional de Pós-Graduação também dará atenção à formação de especialistas em educação para reforçar a formação de professores universitários de melhor qualidade e, no futuro, a melhoria da qualidade atingir os professores do ensino fundamental.

IMPORTAÇÃO

O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Jorge Guimarães, citou a importação, pelo Brasil, de ácido cítrico e glucose, mesmo sendo o País maior produtor de suco de laranja e de sacarose do planeta.

De acordo com Guimarães, dos quase 9 mil doutores formados em 2003, apenas 13% fizeram cursos nas áreas de engenharia e computação. Para mudar este quadro, o plano nacional prevê o investimento de quase R$ 990 milhões este ano e R$ 1 bilhão em 2006.

Atualmente, a concessão de bolsas para mestrado e doutorado com financiamento do governo federal é feita pela Capes, pelo Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e atendem a um terço dos 110 mil mestrandos e doutorandos brasileiros.