Título: Preço do petróleo vai cair mais, diz diretor da ANP
Autor: José Ramos
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2005, Economia, p. B5

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Sebastião do Rêgo Barros, disse ontem que os preços do petróleo no mercado internacional poderão ter quedas ainda maiores neste ano. Mas argumentou que é difícil fazer uma previsão mais firme nessa área, por causa das incertezas desse mercado. "Desde o início dos anos 90 o preço do petróleo é muito influenciado pelo mercado futuro; não é só o físico." Ele disse ainda que existe sempre a possibilidade de impacto nas cotações, decorrente, por exemplo, de acidentes e de fatores climáticos.

Se nos próximos meses for mantida a estabilidade ou queda das cotações, os preços dos combustíveis poderão cair no mercado interno, como sinalizou na segunda-feira a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff. Outro fator levado em conta pelo governo é a cotação do dólar, que também tem caído e ajudado a reduzir o custo das importações. Mas sobre preços internos Rêgo Barros disse que não falaria, porque "o mercado é livre".

O comportamento oscilante dos preços nesta semana fortalece a prudência apontada por Barros. Após caírem na segunda-feira, os preços externos subiram na terça-feira, mas voltaram a cair ontem, com a divulgação de bons estoques de petróleo e combustíveis feita pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos.

Rêgo Barros, que deixará a ANP em 15 de janeiro, quando vence seu mandato, informou que pretende dedicar-se à vida acadêmica e atuar na iniciativa privada, já que está há 43 anos no serviço público. Ele avaliou que o Brasil teve vários avanços no setor de petróleo, nesses três anos em que esteve à frente da entidade.

Ele destacou especialmente as três licitações anuais de áreas destinadas à exploração de petróleo e gás, que atraíram inclusive pequenas empresas de capital nacional. Barros considerou as licitações da ANP "exemplares", pela organização com que são feitas, após debates e consultas públicas, e disse que os investidores internacionais reconheceram essa seriedade.