Título: Risco sobe 4,56%, para 413 pontos
Autor: Lucinda Pinto, Silvana Rocha e Mario Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/01/2005, Economia, p. B13

O risco país teve forte alta de 4,56%, para 413 pontos, devido à perspectiva de manutenção do aperto monetário nos Estados Unidos e à recomendação do Crédit Suisse First Boston (CSFB) para que seus clientes reduzam posições no mercado da dívida emergente, depois dos ganhos obtidos em 2004. O C-Bond fechou estável, vendido com ágio de 1,125%, enquanto o dólar teve a terceira alta seguida, desta vez de 0,30%, para R$ 2,708. O Ibovespa caiu 0,63% e os juros futuros projetaram alta. Terça-feira, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgou a ata de sua última reunião, dando a entender que o juro básico continuará a subir. Isso provocou o aumento dos juros pagos pelos títulos do Tesouro americano, fazendo muitos fundos de investimento abrirem mão de papéis da dívida de países emergentes, principalmente os brasileiros. Ontem, o fenômeno se repetiu. Para completar, o CSFB cortou o peso do Brasil em sua carteira de bônus emergentes de "overweight" (acima da média de mercado) para "neutro".

Segundo operadores da BM&F, o movimento de alta do dólar e dos juros futuros se deve, em grande parte, à posição técnica do mercado, que virou o ano muito otimista. "O mercado tinha uma posição técnica ruim, na virada do ano, e abriu 2005 corrigindo o exagero", comentou um deles.

O Banco Central aproveitou o enfraquecimento do dólar à tarde para comprar moeda americana e dar sustentação aos preços. Depois de subir até R$ 2,735 (1,30%) de manhã, num ajuste ao tom conservador da ata do Fed, o comercial chegou à mínima de R$ 2,697 (-0,11%) à tarde. A queda refletiu o fluxo comercial e financeiro positivo, o enfraquecimento da moeda americana ante o euro no mercado externo e a subida do risco Brasil. Após o leilão do BC, o dólar retomou a alta. Ele acumula valorização de 2,03% nos 3 primeiros dias úteis de janeiro. Ao longo do ano passado, o comercial perdeu 8,58%.

Na Bolsa paulista, o volume financeiro foi de R$ 1,534 bilhão. Nos 3 pregões de janeiro, o Ibovespa perdeu 5,74%. "O mercado ficou cauteloso. Depois das altas de segunda e terça-feiras, quem esperava uma disparada de início do ano teve de refazer as contas", comentou um operador.

As maiores altas foram de Comgás PNA (4,73%), Embratel Par PN (3,39%) e Light ON (2,94%). As maiores quedas foram de Cemig ON (4%), Embraer ON (3,16%) e Eletrobrás ON (3,19%).