Título: Redes apostam em hotel econômico
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/01/2005, Negócios, p. B12
Os brasileiros descobriram os hotéis econômicos e supereconômicos, com diárias entre R$ 50 e R$ 100. E como resultado dessa descoberta, as redes hoteleiras estão apostando todas as suas fichas nesse novo negócio. Um levantamento realizado pela consultoria BSH prevê que, neste e no próximo ano, sejam construídos 50 hotéis desse tipo no País, de um total de 77 empreendimentos planejados pelas grandes redes, o que significa 64,9%. Apenas em São Paulo, mercado onde a oferta de quartos está saturada, estão previstos sete novos hotéis das categorias econômica e supereconômica, o que corresponde a 77% dos hotéis a serem abertos a partir deste ano. Dos R$ 1 bilhão previstos para serem investidos entre 2005 e 2006 em hotéis - excluindo-se da conta os resorts -, R$ 487 milhões serão aplicados em unidades econômicas ou supereconômicas. Só a rede Accor, multinacional francesa que lançou esse tipo de empreendimento no País, abrirá oito novos hotéis da marca Formule 1 (super econômica) e 19 Ibis (econômica) até 2006.
Os dois hotéis se encaixam dentro do padrão de duas e três estrelas até pouco tempo negligenciado pelos hoteleiros. Até a segunda metade dos anos 90, o grosso dos investimentos foi canalizado para os hotéis de luxo, resorts e de padrão executivo, de quatro estrelas. Nos últimos cinco anos, começou-se a investir em hotéis novos, com menos funcionários e serviços. O Ibis, da Accor, por exemplo, é um hotel padrão três estrelas que cobra entre R$ 55 e R$ 95, dependendo da localização. Já o Formule 1 é um hotel espartano, cujas tarifas giram em torno de R$ 60.
"Acreditamos que aqui haja mercado para 100 ou 150 Ibis e entre 20 a 25 Formule 1", afirma Franck Pruvost, diretor de Operações das duas marcas na América Latina. "A estratégia é colocar pelo menos um hotel Ibis em cada cidade brasileira com mais de 300 mil habitantes", avalia. Hoje a operação brasileira de hotéis econômicos e supereconômicos do Grupo Accor é a quarta no mundo e só perde para a França, Inglaterra e Alemanha.
A Atlantica Hotels International, empresa brasileira que administra marcas de quatro grupos hoteleiros americanos, também está reforçando sua atuação nessa área. A empresa, que já conta com nove unidades da marca Comfort e três da marca Sleep Inn no segmento econômico, prevê para 2005 a entrada no segmento supereconômico com a marca Go Inn, totalmente desenvolvida no Brasil. A primeira unidade será inaugurada em São Paulo, junto à Cidade Universitária, Zona Oeste. "É um modelo diferente, em que o hóspede não perceberá que está num hotel supereconômico", diz Rafael Guaspari, vice-presidente-sênior de Desenvolvimento da Atlantica.
Os apartamentos terão 15 metros quadrados e duas camas de um metro de largura. "Juntas, elas formam uma cama enorme de dois metros de largura, coisa que não existe em outros hotéis dessa categoria", diz Guaspari. Outra novidade é um coffee-shop 24 horas e salas de reunião, mordomias que não existe na concorrência. A previsão é que a diária gire em torno de R$ 80. Além do Go Inn supereconômico, a Atlantica deve inaugurar em 2005 outros quatro hotéis da marca Comfort e dois Sleep Inn.
Outro grupo que promete estrear com supereconômicos é o Hotelaria Brasil, dono das marcas Sol Inn - originalmente parte do grupo espanhol Meliá - e Matiz. As duas marcas, com um total de cinco hotéis, atuam no segmento econômico. A partir de 2005, a Hotelaria Brasil deve inaugurar quatro novos hotéis da marca Superhotel. A estratégia da empresa é focar em mercados regionais, inaugurando unidades supereconômicas em Campinas, Pirassununga, Botucatu e Angra dos Reis. "Serão hotéis pequenos, com tamanho entre 30 e 60 quartos, com uma camareira para cada 30 quartos", explica Ronaldo Albertino, diretor-geral da Hotelaria Brasil.