Título: Montadoras e indústrias de autopeças abrem 27 mil vagas
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/01/2005, Economia, p. B1

Montadoras de veículos e fabricantes de autopeças contrataram no ano passado 27 mil trabalhadores. Só na indústria de carros foram abertas 11.193 vagas, o equivalente a uma unidade inteira da Mercedes-Benz, principal fabricante de caminhões e ônibus do País. O setor de autopeças, responsável por 16 mil contratações, espera abrir neste ano mais 11 mil postos, elevando seu quadro total para 198 mil funcionários. As montadoras do País iniciaram 2005 com 102 mil empregados, o maior contingente dos últimos sete anos. O total de trabalhadores no setor não passava dos 100 mil desde 1997, ano até então recorde em produção. Nas autopeças, o nível de emprego é o maior em oito anos. São 187 mil pessoas nas folhas de pagamento.

"O emprego nesse setor normalmente é de melhor qualidade, os salários médios são superiores aos de mercado, os trabalhadores têm carteira assinada e benefícios sociais", diz o economista da Tendências Consultoria Integrada, Adriano Pitoli, especializado na área automobilística.

No ano passado, as montadoras atingiram a melhor marca em produção, com 2,2 milhões de veículos. Em 1997, quando foram fabricados 2,069 milhões de unidades, a indústria empregava 115,3 mil pessoas. Naquele período, o País abrigava sete montadoras de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Hoje são 17.

Além disso, três das quatro maiores produtoras de carros de passeio (Volkswagen, General Motors e Ford) abriram novas fábricas, o que prova que o setor ganhou muito em produtividade.

A abertura de vagas começou a se intensificar a partir do segundo semestre, quando o setor passou a ter maior convicção no processo de retomada da economia, afirma Pitoli. "Contratação é um investimento, como a compra de máquinas. Se tiver de demitir depois, o custo é elevado." As montadoras não divulgam projeções de empregos, mas Pitoli aposta em novas contratações este ano.

Nos cálculos da Tendências, a produção de veículos deve crescer 8,5% este ano. A projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é mais modesta, de aumento de 5,4%, para 2,3 milhões de unidades. Pitoli acredita que, a exemplo do ano passado, as exportações terão importante papel nesse crescimento.

A DaimlerChrysler, dona da marca Mercedes-Benz, concluiu em dezembro a contratação de 650 funcionários para a fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A empresa emprega 11,2 mil funcionários, 1,8 mil deles contratados no ano passado. As exportações da marca cresceram 80%, enquanto as vendas internas tiveram desempenho 13% melhor que em 2003.

O grupo produziu 49 mil veículos, maior volume dos últimos 24 anos e 30% superior ao de 2003. Este ano, as projeções do mercado são de novo aumento de cerca de 10%, o que deve demandar mais contratações. Para atender às encomendas neste início de ano, a empresa suspendeu as tradicionais férias coletivas dos funcionários. Ao contrário das demais montadoras do ABC, que retomam atividades na segunda-feira, na Mercedes as máquinas operam a todo vapor.

Desde o ano passado, a Mercedes só aceita currículos via internet e dá preferência para candidatos indicados pelos funcionários. O banco de dados tem 86,5 mil currículos, segundo a Comissão de Fábrica.