Título: Inovações nascem nas pequenas cervejarias do País
Autor: Carlos Franco
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/01/2005, Economia, p. B13

As grandes cervejarias, para aumentar o preço dos seus produtos - em um mercado que cresce em volume e se mantém em valor -, estão seguindo uma receita que veio das pequenas. É o caso, por exemplo, da catarinense Eisenbahn e da paulista Baden-Baden, que ensinaram o brasileiro a tomar cervejas do tipo ale (encorpada e de cor âmbar), weiss e weisbier (de trigo), bock (escura e adocicada), lager (de baixa fermentação), além daquelas aromatizadas. Com isso, acabaram alertando as grandes cervejarias para esse mercado. A AmBev, por exemplo, tem hoje uma área de inovações e já trouxe para o mercado as Bohemias Ale e Weiss, além da escura. O Grupo Schincariol acaba de lançar a NS+2, que é a Nova Schin misturada com tequila e limão. O gerente de Produto do grupo, Luiz Fernando Amaro, não esconde o jogo: enquanto uma NS+2 em lata é vendida a R$ 2,00, a Nova Schin sai por R$ 0,80. A Molson também tem a Kaiser Bock, que reforça as suas vendas no inverno - momento em que as vendas da cerveja pilsen, a mais consumida pelo brasileiro, amargam redução significativa. E se as cervejarias artesanais, como a Baden-Baden e Eisenbahn, lançam moda e servem de modelo de excelência, as outras pequenas, que brigam por uma fatia do mercado pilsen, estão preocupadas com o poder da AmBev - resultado de sua fusão com a belga Interbrew, dona de marcas como a Stela Artois e a Becks. Ontem, as cervejarias Petrópolis S/A (Crystal, Itaipava e Petra), Cintra, Sul Brasileira Ltda. (Colônia), Malta, Novo Malte, Ribeirão Preto e Belco (Belco, Mãe Preta, Folia e Tauber) encaminharam documento ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e à Secretaria de Direito Econômico (SDE) criticando a fusão, que, alegam, implicará em concentração de mercado.