Título: Depois de virar oposição, PFL mudará de nome
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/01/2005, Nacional, p. A8

O PFL (Partido da Frente Liberal), peça importante na derrota do candidato Paulo Maluf no Colégio Eleitoral de 15 de janeiro de 1985 e na eleição de Tancredo Neves e José Sarney para presidente e vice, vai mudar depois de 20 anos de vida, 18 dos quais no governo e somente dois na oposição. Passará a se chamar Partido Democrático de Centro (PDC) ou Partido de Centro Democrático (PCD), decisão que será tomada em abril, quando fará uma de suas mais importantes convenções nacionais. "No mundo todo, hoje, há a constatação de que as forças eleitorais e políticas convergem para o centro. Por isso, nossa intenção é pôr a expressão centro no nome do partido", diz o diretor-executivo do PFL, Saulo Queiroz. Ainda em abril, o partido vai cuidar do congresso mundial da Internacional Democrata Cristã, que será realizado no Brasil. O PFL filiou-se a essa internacional em 2002, de olho nas eleições presidenciais daquele ano, quando a hoje senadora Roseana Sarney (PFL-MA) despontava como favorita. Uma operação da Polícia Federal em uma empresa dela acabou com a sonhada candidatura. Antes, o PFL era filiado à Internacional Liberal.

Ao decidir pela mudança de sigla, o PFL busca mais do que ter um nome que, nos cálculos de seus marqueteiros, vai aproximá-lo mais da população. Busca mesmo caminhos que garantam sua sobrevivência, pois nas suas proximidades existem muitos outros partidos semelhantes, como o PL, o PP e o PMDB. Com a possibilidade de aprovação da reforma política, sairia na frente dos outros.

Houve entre os dirigentes do PFL a percepção de que o partido corria ainda o risco de perder filiados e parlamentares para outros partidos. Por isso, decidiram lançar a candidatura do prefeito do Rio, Cesar Maia, à Presidência. Foi uma forma de sacudir a legenda e fazer com que ficassem no partido aqueles que estavam dispostos a ir embora.

Na convenção de abril, quando o nome do PFL deverá ser trocado, a candidatura de Maia será reavaliada. Por enquanto, os pefelistas tentam uma composição com o PSDB, partido que repudiaram em 2002. Depois da operação da PF que tirou Roseana da disputa presidencial - ação que foi atribuída pelos pefelistas ao PSDB -, o PFL deixou o governo de Fernando Henrique Cardoso e entregou todos os seus ministérios. Só o vice-presidente Marco Maciel permaneceu fiel ao presidente.

Saulo Queiroz diz que 2005 será o ano de refundação do PFL. "Foram dois anos de discussões e debates que inspiraram o desenvolvimento de um novo modelo político. Aprimoramos nosso conteúdo programático, atualizamos as propostas do partido - que desde a sua fundação permaneciam inalterados", afirma.