Título: Maior problema para eleito será arrumar a própria casa
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/01/2005, Internacional, p. A10

Mahmud Abbas vai se deparar com enormes desafios quando se sentar para trabalhar como presidente. Embora as relações com Israel constituam um problema premente, suas dificuldades mais profundas são internas. Sua tarefa será dar uma imagem de justiça, segurança e estabilidade às instituições que representam os palestinos e irão administrar o futuro Estado palestino. "A população espera que Abu Mazen (Abbas) tome decisões corajosas e difíceis para pôr ordem na casa palestina", disse Khaled Yazji, um ex-assessor de Yasser Arafat. "É para isso que ele teve tanto apoio." "A tarefa de Abbas é criar um país", disse Yazji. "Será muito difícil, até perigoso. Mas, afinal, ele não é um líder"? Os principais desafios de Abbas estão na segurança, reforma institucional e de pessoal, os militantes palestinos e as relações com Israel, concordam analistas. Eles também concordam que há aqueles que não querem que Abbas se saia bem, e que alguns o querem morto.

Uma área-chave é a segurança palestina. Israel estina, há 14 serviços de segurandiz que, somente na Autoridade Palça, alguns rivais, sem incluir o Hamas e a Jihad Islâmica. Abbas diz que quer reformá-los, reduzindo-os a três, sob um comando central - medida pela qual EUA e Europa pressionaram Arafat por muito tempo.

As rivalidades e embates comerciais entre muitas dessas forças - freqüentemente encorajados por Arafat para jogar um homem forte contra outro - deram origem aos senhores da guerra, corrupção com o dinheiro do Estado e de doações e um colapso na ordem pública. Nos últimos dois meses em Gaza foram mortas mais de 50 pessoas em casos que vão desde disputas comerciais a rivalidades militares, segundo moradores de Gaza e jornalistas locais. Ninguém foi preso, pois a Autoridade Palestina é relativamente impotente diante dos senhores da guerra, que alegam agir no interesse da luta contra Israel.

Outra coisa que se espera de Abbas é que ele aposente vários daqueles que estiveram em torno de Arafat e voltaram com ele do exílio em 1994, ao mesmo tempo que promova uma geração mais jovem, na faixa dos 40 anos, que se criou depois da guerra do Oriente Médio de 1967, na qual Israel tomou e ocupou a Cisjordânia e a Faixa de Gaza.