Título: Aço dispara, mas sucata custa cada vez menos
Autor: Márcia de Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/01/2005, Economia, p. B1

Num ano em que os preços do aço dispararam com alta de até 64% em reais, a cotação da sucata de aço recuou cerca de 20%, segundo o Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa e não Ferrosa de São Paulo (Sindinesfa). Os grandes compradores de sucata são exatamente as siderúrgicas que fabricam o aço e revendem o produto no mercado interno, acompanhando os preços internacionais. Por conta desse descompasso e pelo fato de os preços da sucata estarem mais atraentes no exterior, os beneficiadores de sucata se preparam para exportar este semestre entre 30 mil e 45 mil toneladas. A cotação de uma tonelada de sucata de veículos velhos e eletrodomésticos, livre de impostos e custos de frete, gira em torno de US$ 330 no mercado internacional. Esse valor é quase o dobro da cotação doméstica. Em meados de outubro, uma tonelada de sucata de aço no mercado interno chegou a ser cotada a R$ 500. Fechou o ano em R$ 420.

Atualmente, das 580 mil toneladas de sucata processadas por mês, 520 mil são consumidas pelas usinas siderúrgicas e 60 mil toneladas vão para as fundições. Os processadores dizem que as usinas siderúrgicas pressionam os preços para baixo.

O secretário-executivo do Sindicato do Comércio Atacadista de Sucata Ferrosa e não Ferrosa de São Paulo, Elias Bueno, já fala em risco de falta de sucata e diz que a queda do preço tem forte impacto social. "Existem hoje no País cerca de 1,5 milhão de catadores de sucata que serão desestimulados a coletar o produto", afirma. Esses catadores conseguem tirar entre um e dois salários mínimos por mês com a coleta do produto. O presidente da cooperativa de catadores Copamare, Eduardo de Paula, que reúne cerca de 70 catadores de São Paulo, diz que o quilo da sucata caiu de R$ 0,42 para R$ 0,35.