Título: Necessidade se transformou em bom negócio
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/01/2005, Economia, p. B3

A busca pela competitividade, especialmente no mercado externo, é um dos principais motivos dos investimentos das empresas privadas no setor de infra-estrutura. Para algumas, no entanto, essa necessidade se transformou em negócio. É o caso da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), cuja área de logística já representa 11% do faturamento da empresa. "Como produtora de minério, nosso principal mercado era o internacional. Por isso, investimos em logística para sermos mais eficientes", diz o diretor de comercialização de logística da Vale, Mauro Dias. A companhia é detentora de uma malha ferroviária de 9.306 quilômetros, terminais portuários e navegação costeira. Além da carga própria, de minério de ferro, alumínio e cobre, a empresa também presta serviços para outras companhias. Hoje, é responsável por 16% da movimentação de cargas no Brasil e por 58% da movimentação portuária de granéis sólidos. Em quatro anos, o transporte para terceiros cresceu, em média, 12% ao ano.

Em 2004, afirma Dias, a Vale investiu US$ 400 milhões em infra-estrutura, na compra de locomotivas, melhoria nas vias ferroviárias e na inauguração de um novo pier em São Luís, no Maranhão. Entre 2001 e 2004, a empresa adquiriu sete mil vagões - o que ajudou a criar oito mil empregos e reativar quatro unidades fabricantes de vagões.

Para outras empresas, o investimento em logística se transformou em um diferencial para conquistar os clientes. As tradings - empresas que fazem intermediação de comércio exterior - já perceberam esse filão. No ano passado, a Mann inaugurou um terminal de transbordo em Santa Adélia, na região de Catanduva, no Estado de São Paulo, para atender as usinas de açúcar.

Desses terminais as mercadorias seguem de trem até o Porto de Santos. Para isso, a empresa fez parceria com a Brasil Ferrovias e comprou quatro locomotivas e 108 vagões. "O terminal nos permite controlar melhor a chegada de mercadorias no Porto de Santos e dá uma vantagem competitiva maior", explica o diretor de Logística da Mann, Helder Gosling. A empresa investiu R$ 10 milhões no projeto e já pensa em novas soluções.

POTENCIAL

A SAB Company também está atenta ao potencial do setor e investe R$ 10 milhões na construção de centros de distribuição em Vitória, no Espírito Santo. Outra unidade será construída em São Paulo. Segundo especialistas, a construção desses armazéns possibilita a melhoria do fluxo de movimentação de carga nos portos e amplia a capacidade das ferrovias.

No setor químico, a fabricante de polipropileno Polibrasil vai investir cerca de R$ 6 milhões na construção de silos para seus clientes, especialmente os da região Nordeste. O produto é transportado em caminhões tanques e depositado nos armazéns construídos nas fábricas dos clientes.

Esse sistema de transporte pode representar uma economia de até US$ 6 milhões por tonelada. A empresa já tem no Sudeste 34 silos, e instalará na região Nordeste outras 10 unidades, afirma o gerente de Logística da Polibrasil, Waldir de Lima. A companhia também tem planos de investir US$ 7 milhões na construção de um terminal marítimo no Rio de Janeiro.