Título: Semana terá tensão pré-Copom
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/01/2005, Economia, p. B5

Dois importantes indicadores vão ditar o ritmo dos negócios nesta semana que antecede a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 18 e 19 de janeiro. O principal deles será o de produção industrial de dezembro, previsto para ser divulgado amanhã. Na sexta-feira, os investidores estarão atentos ao índice de inflação, com a divulgação do IPCA. Segundo o economista-chefe da Gap Asset Management, Alexandre Maia, os dois indicadores devem dar uma sinalização do que poderá ocorrer na primeira reunião do Copom no ano. A tendência é que a produção industrial de dezembro, comparada a novembro, seja negativa, com queda de 0,5%, e que o IPCA feche pouco acima de 0,8%. Números muito distantes destes poderão sinalizar aumentos maiores na taxa de juros e a manutenção de ajuste na Selic.

Mas o mercado acredita que, se os indicadores mostrarem recuo da produção industrial e controle da inflação, a partir de fevereiro o Copom possa finalizar o processo de alta dos juros. Apesar disso, novos cortes na Selic somente viriam no final deste semestre ou início do segundo. A taxa de juros terminou 2004 em 17,75% ao ano.

Maia afirma que o mercado financeiro deve continuar monitorando também o cenário externo, que trará importantes números. A primeira semana do ano foi bastante conturbada com as indicações do Federal Reserve (Fed - o banco central americano) de que a alta dos juros nos Estados Unidos possa ocorrer numa velocidade maior que o previsto. A ata da última reunião do Fed apontou a necessidade de o juro básico continuar subindo para conter a inflação, que está mostrando mais vigor do que o banco central americano esperava. Ao mesmo tempo, indicou que a economia dos EUA continua forte e que o mercado de trabalho está se recuperando.

Por aqui, o mercado azedou. Depois de ultrapassar a barreira dos 26 mil pontos no final de dezembro, o índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou e fechou a semana em 24.747 pontos. O risco país subiu para 417 pontos, como o de vários outros países, afirma Maia.

Segundo ele, entre os indicadores externos mais importantes da semana está a divulgação da balança comercial dos Estados Unidos, que sai na quarta-feira. "O mercado estará de olho no comportamento do déficit americano."

Se vier muito fora das expectativas, a tendência é que o dólar continue a cair. Na avaliação de alguns analistas, o dólar provavelmente terá de recuar mais 15% para que o déficit comercial americano seja estabilizado num nível razoável de cerca de US$ 300 bilhões ao ano. Hoje está em torno de US$ 600 bilhões.

Na quinta-feira, sairá o índice de vendas ao varejo dos Estados Unidos e, na sexta-feira, o índice de preço ao produtor. Os dois indicadores também deverão movimentar o mercado.