Título: Empresário é denunciado no caso Banestado
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2005, Nacional, p. A7

O Ministério Público Federal denunciou o economista e empresário paulistano Hélio Renato Laniado por suposto envolvimento no esquema Banestado - evasão de US$ 30 bilhões para os Estados Unidos e paraísos fiscais. Segundo os procuradores da República que integram a força-tarefa CC-5, Laniado movimentou, entre abril de 1996 e janeiro de 1998, US$ 698,95 milhões em conta corrente no Banestado de Nova York. As operações eram executadas em nome de uma offshore, Watson Finance S/A, da qual o empresário era procurador, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas. A Watson Finance era um braço das empresas de Laniado que, constituída em um paraíso fiscal, operava com câmbio de dólares no mercado paralelo brasileiro. Laniado é formalmente acusado de gestão fraudulenta, operação de instituição financeira e câmbio sem autorização legal. A denúncia é subscrita pelos procuradores federais Vladimir Aras e Adriana Aparecida Storoz Mathias dos Santos.

Laudo pericial que a Procuradoria da República juntou à denúncia indica que várias pessoas físicas e jurídicas foram beneficiárias de recursos provenientes da conta da offshore. Entre os favorecidos estão o doleiro Samuel Semtob Sequerra e 3 empresas controladas por doleiros, Blue Carbo, Tupi Câmbios e Talmann Finance.

O documento mostra que a Watson recebeu 297 transferências de contas mantidas na agência Banestado de Nova York e 52 transferências de outros bancos.

A criminalista Dora Cavalcanti Cordani, do Ráo, Cavalcanti & Pacheco Advogados, que defende o empresário, informou que não teve acesso à denúncia. "A cifra de quase US$ 700 milhões é equivocada, impressiona mas não é real", destacou Dora. "Conforme se verifica do laudo juntado ao inquérito, os valores eram reaplicados muitas vezes pelo próprio Banestado/NY para o Banestado/Cayman, gerando essa sensação de magnitude."

Dora anotou que a Watson Finance é uma empresa estrangeira de serviços financeiros, que não está subordinada à legislação brasileira. "Helio Laniado era procurador dessa empresa, que realizava transações e alocação de recursos de terceiros, sempre lá fora."

Ela observou que Laniado atua no mercado financeiro desde 1988, como analista ou consultor financeiro em mercado internacional. Ele possui uma empresa no exterior, declarada em seu Imposto de Renda. Dora protestou contra o fato de Laniado jamais ter sido chamado para depor, embora a investigação tenha iniciado em 1997. "Ele (Laniado) sempre esteve à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento", declarou a advogada.