Título: Eletroeletrônicos recuperam 3 anos
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2005, Economia, p. B1

As vendas de eletroeletrônicos das fábricas para as lojas deram um salto em 2004, depois de três anos consecutivos de queda. No ano passado, os fabricantes comercializaram 35,78 milhões de unidades de aparelhos de áudio, vídeo, eletrodomésticos de grande porte e portáteis, um volume 20% maior que em 2003. Os DVDs estão entre os campeões de vendas. Em 2004, foram entregues ao varejo 3 milhões de unidades, 80% mais que em 2003. Em apenas um ano, quase dobrou o parque instalado de DVDs, que de 1999 a 2003 somou 3,5 milhões de aparelhos.

"A venda DVDs também puxou a de televisores", observa o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Paulo Saab. No ano passado, foram vendidos 7 milhões de TVs, um volume 33% maior que no ano anterior, porém abaixo do pico de produção e vendas, que foi de 8,5 milhões de unidades em 1996.

O resultado da indústria eletroeletrônica, que encerrou 2004 com faturamento de R$ 14 bilhões, ganha especial importância porque superou os prognósticos mais otimistas do setor, que apontavam para um crescimento de, no máximo, 15%. Além disso, é um indicador fiel de como anda o consumo doméstico, uma vez que 85% dos volumes são vendidos dentro do País.

Saab pondera que não se trata de crescimento, mas de "recuperação". Isso porque, com o desempenho do ano passado, o setor volta ao patamar de vendas de 2000, mas ainda está muito distante do auge de 1996 (41,2 milhões de unidades).

De toda forma, o crescimento do ano passado contemplou as três linhas de produtos, com destaque para os aparelhos de imagem e som, cujo volume aumentou 32,72% ante o ano anterior, seguido pela linha branca (23,32%) e pelos portáteis (8,52%).

"O espetacular crescimento de vendas dos eletroeletrônicos está ligado ao movimento de redução das taxas de juros ocorrido em 2003, que teve reflexos no ano passado", diz o sócio da MSConsult, Fábio Silveira. Ele pondera que esse movimento só ganhou força porque havia necessidade de renovação dos eletroeletrônicos em funcionamento nos domicílios desde 1997 e que ensaiaram um início de renovação em 2000, interrompido com o episódio do apagão.

Para este ano, Saab acredita que será possível ampliar em 6% os volumes, sem gargalos na capacidade instalada, desde que não haja sustos na política de juros. Ele leva em conta que a base de comparação é mais alta. Silveira projeta um acréscimo de 10%, se as taxas de juros começarem a cair a partir do 2.º trimestre.