Título: Rio pede segurança no sistema elétrico
Autor: Nicola Pamplonae Alaor Barbosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2005, Economia, p. B5

Técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e de Furnas reuniram-se ontem, no Rio de Janeiro, para discutir as causas do apagão que deixou o norte do Rio e o Espírito Santo sem luz por até uma hora e 16 minutos na sexta-feira. No encontro, a empresa e o órgão responsável pela administração do sistema redigiram um relatório, que será entregue à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), confirmando o diagnóstico inicial, segundo o qual a queda de um raio provocou o corte no fornecimento. O governo do Rio, porém, solicitou à Aneel alterações na operação do sistema elétrico, privilegiando a segurança em vez do custo de geração. "O sistema está sendo operado de maneira inadequada, sem levar em consideração fatores sazonais", reclamou o secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio, Wagner Victer. Ele solicitou à Aneel que permita ao ONS que ligue usinas térmicas no Rio, com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade do Estado e do Espírito Santo até o fim do carnaval - atualmente, as térmicas estão desligadas devido ao alto custo de geração.

'GRANDE COINCIDÊNCIA'

No apagão de sexta-feira, as duas linhas que ligam o Rio ao Espírito Santo foram desligadas por causa da queda de raios. No dia 1.º de janeiro, o defeito em um equipamento seguido de falha humana resultou em um apagão de cerca de 40 minutos nos dois Estados. "Um problema desse no carnaval, durante o desfile das escolas de samba, por exemplo, pode provocar um desastre", alertou Victer.

O presidente da Eletrobrás, Silas Rondeau, disse ontem que foi uma "grande coincidência" o fato de o Rio de Janeiro e Espírito Santo terem registrado queda de energia duas vezes no espaço de uma semana. Em teleconferência com analistas de investimentos, Silas afirmou que os dois eventos "foram totalmente diferentes".

O primeiro ocorreu em um feriado, quando há redução do consumo. Dos quatro circuitos de linhas de transmissão que atendem a região, apenas um estava operando. "E, por uma falha técnica, esse circuito foi desligado por um operador, causando a queda na oferta de energia", explicou. O segundo apagão foi provocado por forte descarga elétrica, como ocorre muitas vezes no ano em diversas partes do País.

"Cair raio em linha de transmissão é normal. O que não pode é ter dois Estados pendurados em apenas uma linha", reclamou Victer. Segundo o Boletim Diário de Operações do ONS, o blecaute de sexta-feira teve início às 15h18 e a carga só foi totalmente restabelecida às 16h34.

Há uma semana, logo após o primeiro apagão, a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, convocou a imprensa para dizer que não havia risco de o problema se repetir. Segundo o secretário de Energia do Rio, alguns municípios da Região dos Lagos continuam sem fornecimento de água devido a problemas provocados pela falta de energia em uma adutora da região.