Título: Varig dá passo para mudanças
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/01/2005, Economia, p. B12

A Varig contratou a consultoria Delta, de São Paulo, para comandar seu plano de reestruturação. O anúncio formal ao mercado deve ser feito entre hoje e amanhã, garante um executivo da companhia que pediu anonimato. A empresa também define nesse prazo o banco "advisor" da operação. Estão no páreo o Itaú e o Unibanco, sendo este último o mais provável. A Trevisan, que já realizou uma auditoria dos números da Varig, poderá participar do redesenho da empresa. "O banco vai buscar investidores, verificar os números e vai trabalhar numa relação estreita com a consultoria", acrescenta o executivo. A Delta vai definir planos como a renovação da frota e a readequação da malha de vôos. Também analisará a viabilidade da operação.

Segundo a fonte, definida a consultoria e o "advisor", o projeto de reestruturação deve ser concluído em mais 60 dias. Nesse tempo, o banco contratado conversará com credores para definir como será realizada a transformação de débitos em participação acionária.

A Varig, conta o diretor, precisa de aporte entre US$ 350 milhões e US$ 500 milhões, nos próximos 3 anos, para investir na aquisição de aviões e em tecnologia, por exemplo. Esses recursos serão injetados no caixa da empresa com a ajuda de novos investidores.

Pelo menos dois investidores já demonstraram firme interesse em aplicar na Varig. Um é o grupo hoteleiro português Pestana, por meio de sua controlada Euro Atlantic, companhia aérea de vôos fretados, que só pode ter até 20% das ações da Varig, limite de participação de estrangeiros em empresas aéreas brasileiras. O nome do outro potencial investidor não foi revelado, mas a fonte diz que se trata de um grupo nacional que não é do setor de transporte aéreo.

O executivo ressalta que o aporte de capital poderá ser feito com uma combinação de investidores. "O esquema está montado, mas não está fechado", diz. A princípio, o projeto de reestruturação não inclui desembolso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A fonte admite que a Varig até propôs a participação da instituição, mas que o BNDES "ainda não definiu essa possibilidade".

A pedido do governo, o BNDES entregou à União, em junho, um plano que previa injeção de US$ 75 milhões do banco e outros US$ 75 milhões de novos investidores. Segundo o executivo da Varig, essa sugestão não vingou porque "previa uma blindagem em relação aos passivos trabalhistas". A fonte acrescenta que, se a reestruturação da Varig for muito profunda, poderão ocorrer alguns ajustes na folha de pagamento, integrada por 12 mil funcionários, "mas nada significante".