Título: 'Não estamos pensando em eleição'
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2005, Nacional, p. A5

Ao inaugurar a usina hidrelétrica de Monte Claro, do complexo energético de Rio das Antas, em Veranópolis, Rio Grande do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em mais um discurso otimista, que o País pode crescer este ano "5% ou um pouco mais". Lula conclamou empresários a investir no Brasil e respondeu a ataques de seus adversários dizendo que não está pensando nas eleições de 2006. "Obviamente que tem eleição ano que vem e, sempre que tem eleição, muitas vezes a cabeça do político não pensa mais em nada e aí, ao invés de pensar o futuro do País para daqui a 30 anos, começa a fazer curativos, a fazer obras que às vezes não produzem nada ao longo do tempo", afirmou o presidente, garantindo que seu governo não irá fazer isso.

Lula avisou ainda que até o início de abril quer se reunir com empresários para definir os projetos prioritários que devem ser feitos em parceria público-privada, garantindo que o governo fornecerá meios para assegurar o crescimento sustentável. O pacote de oportunidades de parcerias incluiria a construção de estradas, pontes, hidrelétricas, gasodutos.

TRABALHO

No discurso, Lula rebateu as críticas que vem sofrendo. "Quem deve estar preocupado com a eleição de 2006 não sou eu", advertiu, "porque tenho um mandato até dia 31 de dezembro de 2006 e o meu papel é cumprir com as minhas obrigações e fazer com que este país, mais uma vez, aproveite a chance que está sendo dada pela bondade deste povo, pelos acontecimentos em nível internacional".

Demonstrando muita irritação com as críticas, Lula lembrou que tudo que tem feito não é com facilidade, mas com muito trabalho. "Não pensem que foi fácil aprovar o marco regulatório do setor elétrico, não pensem que não foram centenas de acusações, embates, críticas, às vezes denúncias caluniosas e, em nenhum momento, nós perdemos um milímetro de tranqüilidade, porque estamos predestinados a não perder a chance que este País tem hoje de um ciclo de crescimento sustentável que dure 10, 15 ou 20 anos", disse ele, acrescentando que, para isso, é preciso ter energia elétrica.

LRF

Ainda falando de improviso, Lula comentou a prudência de seu governo em gastar e disse que o País está preparado para o crescimento sustentável porque as contas "estão equilibradas". Mas avisou que isso não é motivo para se entregar à euforia. O presidente disse que seu governo não gasta mais do que tem "porque mentira tem perna curta" e também porque o País já passou por "outros sustos".

Em seguida, falou dos royalties que os municípios do Rio Grande do Sul vão receber com as novas usinas e fez uma recomendação aos prefeitos: "Acho importante que os prefeitos não comecem a gastar antes de receber o dinheiro. É importante esperar cair no caixa para começar a gastar, porque senão poderão ser enquadrados pela Lei de Responsabilidade Fiscal, por terem gasto dinheiro que ainda não existia."

Lula aproveitou ainda para fazer uma forte defesa da ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, e das viagens que está fazendo pelo mundo. "Quero dizer para vocês que não jogarei fora essa oportunidade. Essa oportunidade é ímpar e se eu não sair pelo mundo defendendo este país e a crença que eu tenho no potencial de crescimento, quem vai fazer isso?", comentou, ao assegurar aos empresários que vai haver energia necessária para sustentar o desenvolvimento.