Título: Câmbio para exportador vai mudar
Autor: Patrícia Campos MelloColaborou: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2005, Economia, p. B3

O governo pode adotar, ainda neste trimestre, mudanças no mercado de câmbio que devem ajudar a brecar a valorização do real, informou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Segundo ele, o governo está estudando mudanças na regulamentação do mercado de câmbio, para que o exportador não seja obrigado a internalizar divisas (trocar os dólares que recebe na venda de seus produtos por reais) em um prazo muito curto. De acordo com Furlan, as medidas vão evitar um excesso de oferta de dólares em períodos sazonais de grande exportação, além de permitir que o exportador espere um momento mais favorável da cotação, isto é, não seja obrigado a vender dólar quando a moeda americana estiver em baixa. "Estamos analisando com o ministro (Antonio) Palocci e é possível que seja implantado ainda neste primeiro trimestre", disse Furlan ontem, em entrevista na 32.ª Couromoda, feira do setor de calçados.

"Minha mensagem é de otimismo. Vale a pena apostar em uma taxa de câmbio melhor do que o patamar atual em 2005." Segundo Furlan, muitos exportadores estão reclamando, "com razão", que a taxa de câmbio está num nível muito baixo. Mas ele garantiu que o governo está preocupado com a valorização do real frente ao dólar e que já existe, e deve continuar, o movimento de compra da moeda americana.

FIESP

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) defende as reformas na legislação cambial. "Nós temos uma legislação cambial do tempo da moratória (1987), precisamos lutar para acertar a questão cambial", disse Paulo Skaf, presidente da Fiesp, em discurso na abertura da Couromoda. "A combinação câmbio baixo e juros altos é nociva ao País; as importações já estão crescendo mais que exportações e temos risco de prejuízo no crescimento da exportação em 2005."

Para Skaf, a situação atual é uma grande ameaça para o desempenho das exportações. "No ano de 2002, o câmbio estava perto de R$ 4; em 2003, nosso mercado doméstico estava retraído, mas agora temos um cenário bem diferente, com o mercado em crescimento e o dólar em torno de R$ 2,70."

Furlan afirmou que o aumento das importações era esperado e ainda não preocupa. "A maior parte das importações é de componentes e matérias-primas, o que é saudável para a competitividade dos produtos brasileiros." Segundo o ministro, há fatores para uma estabilização do câmbio neste início do ano. "A recomposição das reservas e o aumento das importações - que, na primeira semana de janeiro, tiveram um ritmo acima de 40% - vão trazer um maior equilíbrio entre a oferta e demanda de moeda", disse o ministro. Ele manteve a previsão de crescimento de 12% nas exportações de 2005.