Título: Brasil é o 10.º destino de investimentos
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/01/2005, Economia, p. B6

Estimativas preliminares indicam que o aumento de investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2004 ficou acima da taxa média de crescimento dos fluxos mundiais e foi superior à média de crescimento dos demais países emergentes. Uma avaliação da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) mostra que, no ano passado, a economia mundial apresentou aumento de 6% no fluxo de investimentos, revertendo tendência negativa observada desde 2001. Pela primeira vez em cinco anos, os investimentos para a América Latina cresceram. O Brasil terminou o ano como o décimo maior destino de investimentos, com um volume total estimado em US$ 16 bilhões, 60% superior ao de 2003. Mesmo assim, o desempenho não foi suficiente para que os níveis do País voltassem às taxas de 2001 e 2002.

No total, as estimativas da ONU indicam que os investimentos no mundo foram de US$ 612 bilhões no ano passado. Mas os investimentos para os países desenvolvidos continuaram a cair. Entre 2003 e 2004, a redução foi de 16%, de US$ 380 bilhões para US$ 321 bilhões. As maiores quedas ocorreram na Europa, que teve o fluxo reduzido de forma drástica, de US$ 308 bilhões (2003) para US$ 165 bilhões.

Já os investimentos para os Estados Unidos tiveram forte recuperação, evitando uma situação ainda mais negativa para os países ricos. Os americanos captaram US$ 121 bilhões, voltando a ser o principal destino de investimentos. Em 2003, Washington, com apenas US$ 30 bilhões em investimentos, havia sido superado pela China, com US$ 54 bilhões. Neste ano, Pequim passou a receber US$ 62 bilhões, seu recorde particular. Além da China, os demais emergentes também contribuíram para compensar a queda dos países ricos. O grupo de economias em desenvolvimento captou um volume recorde de US$ 255 bilhões em 2004.

"Os países em desenvolvimento hoje representam 42% do destino de investimentos, ante 27% entre 2001 e 2003", afirmou Karl Suavant, diretor da divisão de investimentos da agência da ONU. Entre 2003 e 2004, a estimativa é de que o aumento no fluxo de investimentos para os países emergentes foi de 48%. Na América Latina, o aumento ficou abaixo da média dos demais emergentes, mas mesmo assim foi de 37%, chegando a US$ 69 bilhões, segundo indicadores preliminares da ONU. A melhor situação econômica e o ambiente criado pelas decisões políticas seriam as principais razões. México, com US$ 18 bilhões, e o Brasil representaram metade dos fluxos de dinheiro estrangeiro.

"Fluxos para o Brasil estão se recuperando de novo", afirmou a agência da ONU. Em 2001, os investimentos no País eram de US$ 22 bilhões e o Brasil era o oitavo maior destino. O valor caiu para US$ 17 bilhões no ano seguinte. Em 2003, chegou a apenas US$ 10 bilhões, quando o País passou a ocupar apenas a 14.ª posição entre os maiores receptores.

Mas foi na Ásia que mais uma vez os investimentos tiveram o melhor desempenho em 2004. A região foi destino de US$ 166 bilhões, 55% acima do volume de 2003. China, Índia, Coréia, Hong Kong e Cingapura foram os principais responsáveis pelo aumento.