Título: Itamaraty inova e recebe delegação búlgara com bufê
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2005, Nacional, p. A9

Depois de adotar uma linha que chamou de antielitista no exame de seleção de novos diplomatas, ao tirar o caráter eliminatório da prova de inglês, o Itamaraty voltou a inovar. No almoço oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao colega da Bulgária, Gueórgui Parvánov, a diplomacia brasileira deixou de lado o protocolo e organizou ontem um self-service, no lugar do tradicional banquete. Parvánov é o primeiro chefe de Estado a visitar o Brasil em 2005. O sistema de bufê, sob a justificativa de que é mais "simpático", e as reuniões apressadas entre as delegações deixaram a impressão de que a importância conferida à visita reproduz com exatidão o volume do comércio bilateral - em torno de US$ 109 milhões até novembro.

Para o almoço, na sala Brasília, no 2.º andar do Palácio Itamaraty, as longas mesas cobertas com toalhas brancas deram lugar a uma mesa redonda, onde ficaram os presidentes e os ministros com as esposas, e outras dez retangulares, de oito lugares. Cada uma trazia uma tabuleta com o nome de uma flor brasileira.

Nos cantos da sala, quatro bufês com as iguarias do cardápio. A proposta era que todos se servissem à vontade dos itens - apenas os convidados da mesa principal seriam atendidos pelos garçons.

O formato self-service permitiu que os convidados pudessem degustar diferentes quitutes da cozinha brasileira. Os pratos traziam cartões com as traduções de seus nomes para o búlgaro.Havia salada verde mista ao molho vinagrete, moqueca de peixe à baiana, balaio de carne de sol ao molho de tomates verdes, bobó de camarão e carne assada ao molho ferrugem. Para acompanhar, arroz branco, batatas douradas e farofa de dendê. Os vinhos, servidos na mesa, foram os chilenos Chardonnay (2003) e Pinot Noir (2001), da Casa Valduga.

No almoço, Lula declarou que o momento é favorável ao aumento do comércio bilateral e à diversificação de produtos trocados. De janeiro a novembro de 2004, o Brasil exportou para a Bulgária US$ 149,5 milhões, algo como 0,17% do total embarcado ao exterior. As importações de produtos búlgaros são de US$ 59,3 milhões - 0,10% das compras externas.

Parvánov já havia dado, horas antes, a única contribuição esperada pelo governo brasileiro. No Palácio do Planalto, ele assinou com Lula uma declaração conjunta que inclui o apoio búlgaro à ambição brasileira de tornar-se membro permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Foram assinados dois acordos de cooperação na área esportiva e entre as academias de formação de diplomatas. Ao final dos discursos, todos foram buscar a sobremesa - inclusive Lula, Parvánov, o vice-presidente, José Alencar, e os demais convidados da mesa principal.

INGLÊS

A decisão do Ministério das Relações Exteriores de tornar o inglês uma disciplina não eliminatória no concurso para a carreira diplomática continuou ontem repercutindo no Itamaraty. A assessoria do ministério informou que a proposta tem o objetivo de atrair pessoas com maior capacidade intelectual e profissional que, eventualmente, não sejam fluentes em inglês.