Título: Volume de crédito é o maior em 34 anos
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2005, Economia, p. B5

Os bancos, financeiras e redes de varejo nunca emprestaram tanto dinheiro para o consumidor como agora. Segundo levantamento feito pela Consultoria Partner, em 34 anos, de 1970 a 2004, o volume de crédito oferecido pelo sistema financeiro aos consumidores cresceu 930%, de R$ 11,9 bilhões para R$ 121,6 bilhões. Isso significa 7,25% do Produto Interno Bruto , quase 3 vezes o índice de 1970, quando representava 2,63%. Em números absolutos, o PIB cresceu 374% neste período. O sócio-diretor da consultoria, Álvaro Musa, lembra que depois do "milagre econômico", de 1968 a 1973, o crédito ao consumidor só caiu. A retomada veio com o Plano Real, em 1994. "Com a estabilidade da moeda nacional, bancos e consumidores puderam planejar a possibilidade de emprestar dinheiro", comentou, lembrando que no período de hiperinflação houve escassez na oferta de crédito ao consumidor, além da redução nos prazos de pagamento.

Segundo o levantamento, nas décadas de 70 e 80 a concessão de empréstimos passou por várias oscilações, alcançando o pico de R$ 39,9 bilhões em 1985. Os quatro primeiros anos da década de 90 foram inexpressivos. Em 1990, por exemplo, a relação crédito/PIB atingiu ínfimos 0,52% - o menor número em 34 anos. Foi somente na segunda metade década de 90 que os bancos e financeiras começaram a emprestar mais.

Mas apesar do crescimento dos últimos anos, o volume de crédito ainda está distante de países vizinhos, como Chile e Bolívia, afirma o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. Segundo ele, hoje metade da tesouraria dos bancos vai para o crédito. Com juros elevados, a outra metade é usada na compra de títulos do governo - uma aplicação bastante lucrativa para as instituições financeiras.

De outro lado, esse investimento dos bancos acaba financiando a dívida do Estado. "O governo precisa encontrar outras alternativas para rolar suas dívidas", argumenta Rodrigues. Na avaliação dele, somente uma Selic abaixo de 15% ao ano mudaria o fluxo de recursos para o crédito.

O executivo da Partner, Álvaro Musa, também acredita que o crédito tem um espaço enorme para crescer no Brasil. A estimativa da consultoria é de que em 5 anos o montante atual de R$ 121,6 bilhões aumente em R$ 100 bilhões.