Título: Cidade integra tecnologia à economia local
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2005, Economia, p. B14

Com três centros de ensino dedicados à eletrônica e 109 empresas ligadas ao setor, Santa Rita do Sapucaí é um pólo de tecnologia inconstestável. Na cidade, 6,5 mil pessoas trabalham nesse tipo de indústria, que rende ao município US$ 150 milhões. Vinte e cinco por cento dos produtos feitos na cidade são destinados à exportação. "Nosso segredo é integrar os talentos que desenvolvemos em centros como o Inatel e integrá-los na economia local", avalia Elias Kallas, presidente do Conselho de Desevolvimento do Pólo Industrial de Santa Rita.

Na cidade, se produz de placas-mãe de computadores a componentes de centrais telefônicas. É lá também que são feitas as urnas eletrônicas usadas nas eleições. A grande maioria das empresas brotou das incubadoras do Inatel e muitos empregados que hoje soldam circuitos nas fábricas foram recrutados nas roças da região.

Grandes multinacionais mantém um pé na pequena cidade. A chinesa Phihong chegou por lá no início da década, numa associação com uma pequena empresa local, a PWM, com o objetivo de se tornar um fornecedor preferencial de recarredores de celulares para a Motorola.

Há cinco anos, a canadense Nortel, instalada em Campinas, ao lado de universidades como a PUCCAMP e UNICAMP, foi buscar em Santa Rita, mais precisamente nos laboratórios do Inatel, técnicos para o desenvolvimento conjunto de softwares para telefonia. Hoje o Inatel tem 76 profissionais e 39 estagiários que atuam em projetos com a Nortel.

O polo de eletrônica começou a ser desenhado no fim da década de 50, quando a socialite Luzia Rennó Moreira, sobrinha do presidente Delfim Moreira, da República Velha, voltou para a cidade onde nasceu e criou a Escola Técnica de Eletrônica (ETE). A iniciativa gerou depois o Inatel, fundado no fim da década de 60. "Era uma visionária que compartilhava do ideal desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek e apostou na modernidade mesmo sendo uma representante da elite agrícola", diz Kallas. Hoje, Sinhá Moreira, como era conhecida a dama da sociedade mineira, é venerada na cidade.