Título: Ministro nega ter atacado o sistema de meta de inflação
Autor: Sheila D'AmorimVera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/01/2005, Economia, p. B1

Recebemos do ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, a seguinte carta: "Caro editor, em relação à matéria 'Furlan ataca câmbio e meta de inflação' publicada hoje (ontem) pelo O Estado de S.Paulo e que, em linhas gerais reflete meus pensamentos sobre política industrial, negociações internacionais e desenvolvimento do País, gostaria de fazer algumas observações. Durante a entrevista, quando falei sobre inflação, disse que 'a inflação tem origem nos preços controlados e nas tarifas públicas, nas commodities internacionais (petróleo, aço, soja, etc.), no aumento da carga tributária (novo PIS-Cofins) e nos efeitos dos custos financeiros, todos imunes ao aumento das taxas de juros', frase repetida por mim inúmeras vezes em entrevistas, inclusive para o Estado de S.Paulo. Em nenhum momento opinei sobre metas de inflação do governo e sim sobre política de juros. Portanto, a resposta que trata desse assunto está imperfeita e incompleta. Segue o trecho da entrevista em questão: Estado - Mas o sr. também culpa o tamanho dos juros. Há capitais demais entrando para aproveitar os juros altos? Furlan - Não é um fator único que está provocando a valorização do real. É claro que os juros altos demais atraem capitais. O problema é que a maior parte da inflação brasileira é causada pelas tarifas públicas e pelos preços reajustados por contrato. A inflação tem origem nos preços controlados e nas tarifas públicas, nas commodities internacionais (petróleo, aço, soja, etc.), no aumento da carga tributária (novo PIS-Cofins) e nos efeitos dos custos financeiros, todos imunes ao aumento das taxas dos juros (grifo do ministro). Contra esse segmento de preços administrados não adiantam juros altos... Estado - O sr. está dizendo que a política de metas não funciona. O que tem de ser colocado no lugar dela? Furlan - Reafirmo que a maior parte da inflação não é produzida pelas forças do mercado. Contra inflação assim produzida, a política de juros (e não metas) - grifo do ministro - não é eficiente."