Título: Extravagância da festa da posse causa críticas
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2005, Internacional, p. A11

Primeira posse de um presidente desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, a cerimônia e os festejos da inauguração do segundo mandato de George W. Bush, nesta quinta-feira, devem bater todos os recordes de extravagância numa cidade acostumada a rituais grandiosos. O exagero, financiando por US$ 40 milhões em doações e venda de ingressos para almoços e nove grandes bailes, provoca críticas mesmo entre adeptos de Bush. Mark Cuban, um bilionário republicano e dono do time de basquetebol Mavericks, de Dallas, pediu que Bush dê o exemplo e cancele as festas da posse. "Como país, enfrentamos enormes déficits, uma economia em declínio, temos soldados morrendo (no Iraque) e enormes responsabilidades de ajudar os que sofreram a devastação dos tsunamis", disse Cuban.

O deputado democrata Anthony Weiner sugeriu que o presidente seguisse o exemplo de Franklin Delano Roosevelt, que em 1945, com o país em guerra contra o Eixo na Europa e no Pacífico, cancelou o desfile e as festas da posse e marcou a ocasião com um simples almoço na Casa Branca, no qual serviu frango a seu convidados.

A festa de Bush conta, porém, com apoio do democrata mais eminente do país. "Votei no outro sujeito, mas Bush ganhou a eleição de forma clara e seus adeptos devem celebrar como acharem melhor", disse o ex-presidente Bill Clinton no programa de Larry King, da CNN. Segundo Clinton, os festejos "não desviarão um único centavo do dinheiro privado ou público" que os EUA destinarão à assistência às vítimas do maremoto na Ásia.

O aparato de segurança montado para a posse e a celebração é o maior que Washington já viu. Nada menos que cem quarteirões ficarão fechados ou terão acesso restringido por mais de 20 horas, na parte central da capital. Os 3 mil convidados especiais, alguns dos quais garantiram o acesso aos melhores eventos fazendo doações de até US$ 250 mil ao comitê organizador, terão sua segurança zelada por um contingente de 6 mil policiais e 7 mil soldados, o que dá uma média de mais de quatro protetores para cada um. Para prevenir acidentes, Bush, os membros de sua família e de seu gabinete assistirão ao desfile cívico-militar diante da Casa Branca - após a cerimônia de posse no Congresso - num palanque protegido em três lados por vidro à prova de bala.

O ensaio, ontem, da posse e da parada triunfal que Bush percorrerá entre o Congresso e a Casa Branca abriu oficialmente os festejos. O bloqueio do centro de Washington começará com o cair da tarde da quarta-feira, e causa contrariedade entre lojistas da área.