Título: Indústria de máquinas vai investir R$ 7,5 bi em modernização este ano
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2005, Economia, p. B1

A indústria de máquinas e equipamentos pretende investir este ano 25% a mais que o montante gasto em 2004. A previsão é alcançar R$ 7,5 bilhões, dinheiro que será aplicado principalmente em modernização do parque produtivo e ampliação de linhas. O setor iniciou janeiro com carteira de pedidos para os próximos quatro a seis meses. Nos últimos anos essa média era de três a quatro meses. Entre 2001 e 2003, as fabricantes de máquinas e equipamentos investiram em média R$ 3 bilhões ao ano, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). "Nos últimos anos, as empresas fizeram enorme esforço de sobrevivência e só mais recentemente começaram a vislumbrar possibilidades de investimentos", diz o presidente da Abimaq, Newton Mello.

O faturamento do setor foi 28,7% maior que em 2003 (cerca de R$ 44 bilhões) e as vendas externas cresceram 35% ante os US$ 4,94 bilhões exportados no ano anterior. Ainda assim, a balança comercial está distante de um equilíbrio, já que as importações somaram cerca de US$ 6,6 bilhões. As projeções para 2005 são de continuidade de crescimento do setor, mas em menor ritmo, prevê Mello.

Pelo menos um terço dos investimentos previstos para este ano virá de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio do Modermaq, programa de financiamento para renovação de equipamentos.

O Modermaq foi aprovado em julho, mas teve as verbas efetivamente liberadas a partir do último trimestre. Nesse período, as empresas receberam R$ 136,7 milhões. Como a linha tem R$ 2,5 bilhões para 12 meses, cerca de R$ 2,3 bilhões estarão disponíveis até meados do ano. "Embora tenha demorado para deslanchar, os números mostram que a linha está sendo bem aceita", diz Mello

O alvo principal do Modermaq são micro e pequenas empresas, mas nessa primeira fase foram fabricantes classificados como de grande porte (com faturamento acima de R$ 60 milhões ao ano) os que mais recorreram ao crédito. Essa categoria foi responsável por 76,4% do valor liberado, enquanto as pequenas e médias ficaram com 23,5%.

NOVOS NICHOS

A tendência é de que essa participação seja revertida daqui em diante, pois o programa está sendo mais divulgado, afirma Mello. "Para nós, seria impossível fazer um investimento agora se não fosse esse empréstimo", diz Celso Mota, sócio-diretor da empresa Conceição Generoso, de São Bernardo do Campo (SP), que pela primeira vez recorre a um empréstimo desse tipo.

Mota adquiriu uma máquina para produzir embalagens flexíveis por R$ 170 mil, sendo 90% financiados pelo Modermaq para pagamento em cinco anos. Com o equipamento, a empresa vai entrar no ramo de embalagens flexíveis. O primeiro cliente é uma indústria farmacêutica, que importa o produto e passará a adquiri-lo da Conceição Generoso.

Hoje, a empresa produz outros tipos de embalagens e fatura cerca de R$ 1,2 milhão ao ano. Ao grupo de oito funcionários serão incorporados mais três ou quatro para operar a nova máquina, que será instalada no fim do mês.

"O programa é simplificado, a liberação é rápida e sabemos quanto vamos pagar mensalmente pelo empréstimo", afirma o gerente financeiro da Zivalplast, Gelson Volnei. A empresa de Quatro Barras (PR) também vai atuar em um novo nicho, de sacolas para lojas, butiques e magazines, e adquiriu uma máquina de corte e solda de valor igual ao pago pela fabricante de São Bernardo.

A Zivalplast produz sacolas para supermercados e filmes técnicos. Emprega 220 funcionários e espera faturar este ano perto de R$ 100 milhões, 15% a mais que em 2004. "Por enquanto, vamos contratar seis pessoas. Com essa máquina vamos sondar o mercado, e no futuro, poderemos ampliar a produção", diz Volnei.