Título: Concorrência achatou o faturamento das empresas
Autor: Agnaldo Brito
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2005, Economia, p. B9

O negócio de segurança privada - setor que engloba vigilância patrimonial e transporte de valores, entre outros serviços - enfrentou nos últimos anos, a despeito do aumento dos custos, forte achatamento da receita operacional líquida, em razão do aumento da concorrência baseada em operações informais. Em 1998, a receita operacional líquida anual movimentada era de R$ 140 mil por vigilante. Em 2001, último levantamento, o valor havia caído para R$ 129 mil. O número apura apenas o comportamento do mercado formal, a partir da Pesquisa Anual de Serviços do IBGE, mas mostra o efeito da concorrência no faturamento das empresas, provocado por acentuada perda de escala nas operações.

"O setor precisa ganhar escala, e não perder", diz Mauro Catharino, gerente do projeto de modernização e consolidação da Federação Nacional das Empresas de Vigilância e de Transporte de Valores (Fenavist). A desconcentração, segundo o estudo, levou à queda de receita e, conseqüentemente, a uma elevação dos passivos trabalhistas sobre empresas de segurança, o que agora torna mais difícil a negociação.

Setenta por cento do custo da operação das empresas de segurança estão na mão-de-obra. Por isso, a Fenavist tenta mobilizar os organismos oficiais, como Polícia Federal (responsável pela licença das empresas) e o INSS, para a criação de frentes de fiscalização sobre o setor. "É uma tentativa de reduzir a informalidade e tornar este mercado mais profissionalizado", diz Catharino.

O estudo da Fenavist já mostra como a concentração no setor tem crescido, principalmente nos mercados que demandam capital intensivo e grandes investimentos em tecnologia. Na área de segurança clássica (em que se utiliza apenas vigilantes), pode-se observar que os cinco maiores grupos com operações no Brasil detêm 8% do mercado. As 10 maiores detêm 15% do mercado.

A situação no segmento de transporte de valores - que precisa de investimentos em frota própria de blindados, armamento e tecnologia de informação para oferta de serviços de terceirização de tesouraria - é oposta. Os cinco maiores grupos no Brasil detêm 50% do mercado de transporte de valores e operações adicionais de cash management. A outra metade do mercado é pulverizada por cerca de 80 empresas, aponta o estudo da Fenavist. É sobre este grupo que deve ocorrer o processo de fusões e aquisições.