Título: Congresso vai examinar compras da Defesa
Autor: Roberto Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2005, Nacional, p. A6

O contrato pelo Ministério da Defesa da modernização de oito aviões P-3A Orion, de patrulha marítima, no valor atualizado de US$ 423 milhões, será analisado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional antes de ser assinado, e imediatamente após o recesso parlamentar. As aeronaves, versões militares do turboélice Electra, foram fabricadas há 40 anos e serão revitalizadas pelo grupo europeu de defesa EADS-Casa.

A assinatura do acordo chegou a ser anunciada formalmente no dia 12, embora o Congresso Nacional ainda não tenha aprovado a operação. Segundo a secretaria da comissão, os parlamentares querem ouvir, a respeito da transação, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Aeroespaciais (AIAB), Walter Bartels, e também o comandante da aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno.

Em dezembro de 2004, Bartels enviou carta ao presidente da Comissão de Defesa, deputado Carlos Melles (PFL-MG), e ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP) da Comissão de Defesa, Segurança e Relações Exteriores do Senado. Na manifestação, o presidente da AIAB alerta para o fato de haver no catálogo da Embraer um produto de qualidade, o jato P-99E, construído sobre a plataforma do birreator civil Emb-145 - a mesma que serve aos modelos R99A, de alerta avançado (AEW) e R99B, de sensoriamento remoto, ambos adotados pela FAB. É também o avião básico com o qual a empresa brasileira venceu a concorrência ACS, do Pentágono, para fornecimento de uma nova aeronave de vigilância para o Exército e a Marinha dos EUA. O contrato pode chegar a US$ 7 bilhões. As forças aéreas da Grécia e do México são usuárias das configurações AEW e de patrulhamento. Bartels destaca aspectos sociais, como a geração de mil empregos diretos por seis anos caso a encomenda fosse dirigida ao fabricante local. Os aviões nacionais podem custar até 10% menos que os P-3A revitalizados e têm vida útil estimada em 35 anos.

O Comando da Aeronáutica emitiu nota logo depois da divulgação da carta da AIAB dando como definitiva a escolha dos P-3A Orion e seu pacote de modernização. Segundo o apontamento, na época em que o comando procurava opções para expandir a capacidade da aviação de patrulha marítima, a Embraer não aceitou o convite para apresentar proposta.

De acordo com a Associação das Indústrias, na ocasião - há quase cinco anos -, a companhia não dispunha entre seus produtos da versão E do P-99, definida como avançada.

Os aviões americanos foram construídos em 1964 e utilizados pela aviação da Marinha dos Estados Unidos até meados de 1989.