Título: Os grupos armados e as forças de segurança nos territórios palestinos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2005, Internacional, p. A12

Nos acordos de paz de Oslo ficou definido que as forças da Autoridade Palestina, entre policiais e agentes de várias unidades, não excederiam 30 mil homens. A estimativa é que hoje sejam pelo menos 57 mil, número que pode aumentar, pois uma das metas do governo é incorporar militantes dos grupos armados às forças da AP, como estratégia para o cessar-fogo.

FORÇAS OFICIAIS: Oficialmente há 11 unidades nas áreas autônomas da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, desde policiais e forças preventivas a seções de inteligência. Todas se reportavam diretamente ao ex-presidente da AP, Yasser Arafat, falecido em novembro. Mas nos mais de quatro anos da intifada (levante contra a ocupação israelense) a estrutura de poder se fragmentou e, hoje, vários chefes das forças de segurança disputam poder. Alguns teriam ligações diretas com grupos armados originários da Fatah, a principal facção nacional (fundada em 1959 por Arafat). De acordo com o especialista israelense nos territórios Arnon Regular, citado pelo diário local Haaretz, chefes regionais das forças da AP provêem ajuda financeira e operacional às Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa e outros grupos.

BRIGADAS DOS MÁRTIRES DE AL-AQSA: Grupo armado ligado à Fatah, que tem entre seus membros, segundo Israel, muitos integrantes das forças da AP ou pessoas ligadas às suas unidades. A Fatah é laica, mas, à medida que o conflito se radicalizou na intifada, as Brigadas se aproximaram de grupos islâmicos e passaram até a promover atentados suicidas e ataques no território de Israel (cujas fronteiras de 1967 foram reconhecidas pela Fatah, a base da Organização de Libertação da Palestina, a OLP).

GRUPOS ISLÂMICOS: Os grupos mais radicais - em tese - são os fundamentalistas islâmicos Hamas e Jihad Islâmica porque não reconhecem a existência de Israel e têm como meta criar em toda a Palestina histórica (que abrange os territórios ocupados e o Estado judaico) um Estado tradicional islâmico. Como se tornaram mais populares na intifada, grupos laicos armados surgidos da Fatah radicalizaram suas posições e também se mostram mais arredios a uma trégua.

OUTROS GRUPOS: Os mais atuantes são os Comitês de Resistência Popular, união de facções que participou do ataque de quinta-feira que matou seis israelenses, e a Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), grupo marxista pouco expressivo.