Título: Ataques matam 24 no Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2005, Internacional, p. A16

Em sua campanha de sabotagem das eleições marcadas para o dia 30, os rebeldes mataram ontem pelo menos 22 soldados e policiais das forças iraquianas e 2 militares americanos em vários ataques através do país. No maior dos atentados, um terrorista suicida explodiu um carro-bomba em frente de uma delegacia na localidade de Baiji, 150 quilômetros ao norte de Bagdá. Segundo testemunhas, pelo menos 10 policiais morreram no local. O suicida explodiu o veículo quando os agentes faziam fila na frente do edifício para receber o salário. Outro carro-bomba matou dois fuzileiros navais americanos em Ramadi (110 quilômetros a oeste de Bagdá).

No início da manhã, homens armados ocupando vários veículos abriram fogo contra um posto de controle na estrada que liga as cidades de Buhraz e Baquba, 70 quilômetros a norte de Bagdá. Sete soldados da Guarda Nacional morreram no ataque, cuja autoria foi reivindicada pelo grupo liderado pelo terrorista jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, vinculado à Al-Qaeda. "Leões do batalhão dos mártires da Organização Al-Qaeda na Guerra Santa do Iraque desfecharam um heróico ataque contra o quartel-general do ateísmo e da tirania em Baquba", disse o comunicado enviado pelo grupo de Zarqawi a um site islâmico da internet. "Esse é o destino de todos os judeus e cruzados no Iraque."

Ao mesmo tempo, a polícia iraquiana anunciou ter matado 35 rebeldes e capturado 64. O comunicado diz que a ação ocorreu perto de Faluja, mas não informa quando foi. Em Bagdá, policiais iraquianos informaram ter evitado outros dois atentados ao localizar e desativar dois carros-bomba estacionados em uma das ruas da capital.

BISPO SEQÜESTRADO

O Vaticano confirmou ontem o seqüestro do arcebispo sírio-católico de Mossul, Basile Georges Casmousa, de 66 anos, quando ele fazia visitas pastorais na cidade do norte do país. Nenhum grupo assumiu imediatamente a autoria do seqüestro. Estima-se em 3% a população cristã no Iraque, incluindo católicos e protestantes de várias seitas.

Em Numaniyah, pistoleiros mataram no domingo à noite o filho do clérigo Habib Salman - um dos assessores do grão-aiatolá Ali al-Sistani, o principal líder xiita do Iraque. Na quarta-feira, os rebeldes assassinaram outros dois altos assessores de Sistani, o clérigo xiita Mahmoud al-Madaen e o filho dele.

O primeiro-ministro do governo provisório iraquiano, Iyad Allawi, pediu à ONU que envie observadores internacionais para as eleições.