Título: Celulares chegam a 65,6 milhões
Autor: José Ramos
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2005, Economia, p. B1

A febre dos celulares tomou conta do País, e no fim do ano passado já existiam 65,605 milhões de linhas em operação. Isso significa que, de cada 100 brasileiros, 36 têm seu aparelho. Esse boom na telefonia celular - só em dezembro foram vendidas 4,416 milhões de linhas - foi garantido pelo aumento da renda, principalmente da faixa mais pobre da população. De acordo com um levantamento divulgado ontem pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), no ano passado houve crescimento de 41,5% no número de celulares em funcionamento no País. É um acréscimo de 19,232 milhões de linhas em relação às 46,3 milhões existentes em dezembro de 2003. Com esse resultado, já existem hoje 105 milhões de linhas telefônicas, se a esse número forem somadas as 39,5 milhões de linhas fixas existentes. Na capital federal, por exemplo, há mais telefones celulares do que gente. Para cada grupo de 100 habitantes, existem 100,1 aparelhos em funcionamento, segundo a Anatel. Mas é o Estado de São Paulo que concentra o maior número de celulares, num total de 16,734 milhões de linhas.

"O crescimento da economia faz com que as pessoas passem a ter mais renda disponível", avalia o presidente da Associação dos Prestadores do Serviço móvel Celular (Acel), Amadeu Castro. Os novos consumidores, porém, são em sua maioria usuários dos telefones pré-pagos, que são liberados da assinatura básica e funcionam com créditos em cartões. De todos os celulares em funcionamento, 80,47% são pré-pagos.

Castro observou que esse novo grupo que ingressou no mercado de usuários de telefonia móvel pertence à parcela da população de renda mais baixa e não gasta mais do que R$ 4 a R$ 5 por mês com ligações. Não são, portanto, o tipo de cliente que dá lucro às operadoras, mas são um alvo importante. A concentração de pré-pagos com contas de baixo valor até reduz a rentabilidade dessas empresas. No entanto, o presidente da Acel avalia que, ainda assim, eles interessam às operadoras. Afinal, têm potencial para aumentar seu consumo no futuro. Além disso, os investimentos para instalação das linhas já foi feito e, portanto, quanto mais intenso for o uso do sistema, melhor.

Os celulares viraram uma das opções preferidas de presentes no Natal, constata Castro. Só em dezembro, foram vendidas 4,416 milhões de linhas, das quais 3,995 milhões são pré-pagas. A participação dos pós-pagos no mercado caiu de 20,25% para 19,53%, diante dessa avalanche de pré-pagos. O grande número de novos celulares em operação chegou a preocupar a Anatel. No mês passado, a agência alertou as operadoras quanto ao risco de sobrecarga no sistema.

O Estado de São Paulo é o que tem mais linhas de celular em operação, as 16,734 milhões, o dobro das existentes no Rio de Janeiro, que vem em segundo lugar. Mas ainda há muito espaço para expansão dos celulares nos dois Estados, segundo avaliou a Acel. Em São Paulo, há 42,65 celulares para cada 100 habitantes e no Rio, 53,63 aparelhos para cada 100 pessoas. Os dois Estados estão, portanto, bem abaixo do índice de 100,1 do Distrito Federal.

Segundo Castro, a maior concentração de celulares por habitante no Rio de Janeiro na comparação com São Paulo ocorre porque no Rio há quatro operadoras atuando: Oi, Tim, Claro e Vivo. Já em São Paulo não atua a Oi.

Na análise por região, a maior concentração de celulares por habitante está no Centro-Oeste, com 53,11 linhas para cada 100 pessoas, e um total de 6,655 milhões de linhas. A Região Sul vem em segundo lugar, com 46,01 linhas para cada 100 pessoas, num total de 12,106 milhões de linhas. Em seguida, vêm o Sudeste, com 42,38 aparelhos para cada 100 pessoas (32,352 milhões de linhas), o Norte, com 27,44 linhas para cada 100 habitantes (3,858 milhões de aparelhos) e o Nordeste, com 21,32 linhas para cada 100 pessoas (10,631 milhões).