Título: Mercado prevê Selic maior e mais inflação
Autor: Márcia de Chiara, Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2005, Economia, p. B3

PRESSÃO: Mesmo contando com um aumento da taxa de juros de 0,5 ponto porcentual esta semana, o mercado financeiro acredita que a inflação vai subir. As previsões para a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano subiram de 5,67% para 5,70% na pesquisa semanal do Banco Central divulgada ontem. O IPCA é o índice usado no sistema de metas de inflação. O aumento da expectativa de inflação serviu para fortalecer a percepção entre agentes financeiros de que a taxa de juros voltará a ser elevada em mais 0,5 ponto na reunião de hoje e amanhã do Comitê de Política Monetária (Copom). Com isso a taxa Selic passaria para 18,25% ao ano. A mudança nas estimativas provocou um crescimento do número de analistas de mercado que acreditam em uma nova alta de 0,5 ponto em fevereiro. Os números da pesquisa, porém, não chegaram a refletir uma possibilidade de novo aperto nos juros em fevereiro. Na média, os analistas optaram por apostar na estabilidade da taxa em 18,25% no próximo mês. Para a reunião de hoje e amanhã do Copom, os números da pesquisa coincidem com as previsões das mesas de operação de mais um aumento de 0,5 ponto porcentual. Caso essa hipótese seja confirmada, será o quarto mês consecutivo de alta de 0,5 ponto desde outubro. Em setembro, a taxa havia subido 0,25 ponto e passado de 16% para 16,25%. O aumento das previsões de inflação neste ano veio acompanhada de uma elevação das projeções de crescimento do PIB para o mesmo período de 3,60% para 3,65%. Mesmo com esta segunda elevação consecutiva, a projeção de expansão do PIB ainda é menor que 4% estimados pelo próprio BC no Relatório de Inflação divulgado ao final do ano passado. Além disso, o porcentual é inferior aos 3,70% previstos para 2006. Ao mesmo tempo, as estimativas de reajuste dos preços administrados ficaram estáveis em 7%. As projeções de câmbio para o fim do ano recuaram de R$ 2,95 para R$ 2,93. As estimativas de dívida líquida do setor público neste ano recuaram na pesquisa divulgada ontem de 51,80% para 51,60% do PIB. A queda da dívida é considerada pelo BC como uma das condições para que haja uma redução consistente dos juros.