Título: Juros sobem antes mesmo do Copom
Autor: Márcia de Chiara, Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2005, Economia, p. B3

As taxas de juros já começaram a subir antes mesmo do fim da primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2005, que tem início hoje. Pesquisa da Fundação Procon de São Paulo revela que a taxa média cobrada no cheque especial passou de 8,06% ao mês em dezembro para 8,10% este mês, com alta de 0,04 ponto porcentual. Anualizada, a taxa está em 154,57%. Trata-se da segunda alta consecutiva. Na comparação com o ano passado, a taxa é maior. Em janeiro de 2004, os juros do cheque especial estavam em 8,05%. Das dez instituições financeiras pesquisadas no dia 3 deste mês, três elevaram os juros. A maior elevação foi feita pelo banco Itaú, cuja taxa passou de 8,25% para 8,40% ao mês, com alta de 0,15 ponto porcentual. O HSBC e a Caixa Econômica Federal aumentaram as taxas em 0,12 ponto porcentual. No HSBC, a taxa estava em 8,25% em dezembro para 8,37% este mês. Na Caixa Econômica Federal, os juros subiram de 7,33% em dezembro para 7,45% ao mês em janeiro.

MERCADO

O juros futuros tiveram alta acentuada ontem, refletindo a aposta do mercado de um aumento de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária, que começa hoje e termina amanhã. A taxa de juros futuros de abril de 2005 encerrou o dia em 18,45%, diante de um fechamento em 18,37% na sexta-feira. Os juros futuros de um ano fecharam em 18,37%, contra 18,21% na sexta.

Segundo Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, as entrevistas do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, à revista Veja do final de semana, e do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, à Rede Bandeirantes, reforçaram a tendência. As duas entrevistas foram encaradas pelo mercado como uma reafirmação do compromisso da equipe econômica com a ortodoxia. "A minoria que apostava em um aumento de 0,25 ponto na Selic pode ter mudado de idéia e passado para 0,5 ponto."

O movimento de elevação dos juros futuros, segundo Maristella, começou com a divulgação de indicadores na semana passada. "Os indicadores de produção industrial mostraram uma acomodação mais lenta que a esperada, indicando que a atividade está se desacelerando lentamente, enquanto o IPCA de sexta-feira veio acima das expectativas", diz.

Ontem, para completar, o levantamento do BC feito com instituições financeiras (relatório Focus) mostrou que as expectativas de inflação medida pelo IPCA em 2005 voltaram a subir, de 5,67% na semana anterior para 5,70%.

Segundo Guilherme Nóbrega, economista-chefe da Itaú Corretora, a inflação resistente e o nível de atividade reforçaram as apostas de que a Selic vai subir 0,5 ponto porcentual também em fevereiro.