Título: Bovespa cai 1,64%, puxada pelas teles
Autor: Mario Rocha, Aline Cury Zampieri, Ana Paula Ragazz
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/01/2005, Economia, p. B10

A Bovespa fechou ontem em baixa de 1,64%, puxada pela alta dos juros de mercado e pela queda de ações do setor de telecomunicações. Em dia de feriado nos Estados Unidos, a Bolsa foi dominada por investidores locais, naturalmente mais sensíveis às variações no mercado doméstico de juros, e pelo vencimento de opções. As ações da Telemar foram afetadas pelo vencimento de opções e representaram 23% do volume financeiro da Bolsa. Os papéis preferenciais da empresa já vinham se desvalorizando desde o pico de R$ 44,79 registrado em 28 de dezembro e fecharam em R$ 38,90, em queda de 3,7% só ontem. Com a queda, Telemar PN chegou ao dia do vencimento de opções mal-posicionada, abaixo do preço da maioria dos contratos, de R$ 42.

O setor de telecomunicações vive momento confuso, pelo fato de as fixas e celulares estarem em negociação para os preços das tarifas de interconexão das ligações fixo-móvel, que correspondem à metade da receita das operadoras de telefonia celular. As duas pontas têm de chegar a um entendimento numa negociação que começou em junho do ano passado. O acordo tem de sair até o início de fevereiro, quando ocorrerá o reajuste para as celulares.

Ao recuar com força, Telemar PN precipitou perdas em ações de seu setor, tanto fixas quanto móveis. O fato é que a situação não vem sendo favorável aos papéis, sobretudo os de celulares, desde o ano passado. Tim PN liderou as quedas, com queda de 6,08%.

As fixas, apesar de estarem em um mercado consolidado e gerador de caixa, segundo profissionais, sofrem com questões pontuais. Brasil Telecom é um exemplo. Apesar de estarem descontadas em relação a suas pares, as ações não sobem, abatidas pelas "eternas" disputas entre seus principais acionistas. BrT Participações PN caiu 4,99%. Embratel recuou mais 5,32% ontem, ainda refletindo o preço de subscrição para o aumento de capital de US$ 700 milhões que será coordenado pela controladora Telmex.

A Bolsa já caiu 6,42% desde o pico de 26.196 pontos registrado no último dia de 2004. Mas o movimento é considerado natural, já que a Bovespa subiu 23,9% no segundo semestre do ano passado, sendo 13,6% nos dois últimos meses do período, lembra o consultor Jorge Simino, da MS Consult. "É natural que, depois de uma alta como a registrada nos últimos meses, acompanhada de um aumento da perspectiva para os juros básicos, haja uma realização de lucro", diz Simino. Com baixo volume de negócios por causa do feriado nos EUA, o dólar fechou estável, cotado a R$ 2,702.