Título: Presidente já entregou 60 postos-chave a sindicalistas
Autor: Mariana Caetano, Isabel Sobral
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2005, Nacional, p. A5

Ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e fundador da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem ao seu lado 10 ministros e pelo menos outros 50 funcionários em posições de destaque vindos do movimento sindical. Há, também, vários postos importantes ocupados por sindicalistas nos Estados, como a direção das Delegacias Regionais do Trabalho, e nas estatais, a exemplo da Petrobrás, comandada por José Eduardo Dutra. "Poderia ter até mais gente", afirma o atual presidente da CUT, Luiz Marinho. "Vejo um grande preconceito quando se fala em República de Sindicalistas. O governo nunca teve sindicalistas em postos importantes. Agora, com a chegada do Lula ao poder, é natural que isso aconteça." O Ministério do Trabalho é dirigido pelo ex-presidente do Sindicato dos Bancários Ricardo Berzoini e já foi comandado pelo ex-presidente do Sindicato dos Químicos e um dos fundadores da CUT na Bahia, Jaques Wagner. Mesmo com a troca de titular no fim de 2003, a equipe é basicamente a mesma desde o início do governo Lula e tem aproximadamente 13% dos ex-sindicalistas no primeiro e segundo escalão da administração federal, segundo levantamento realizado pelo Estado, depois de quatro meses de administração petista. Isso sem contar as Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs), das quais cerca de 11 são ocupadas por ex-sindicalistas. É o caso de um velho companheiro de Lula Heiguiberto Guiba Della Bella Navarro, ex-secretário sindical do PT, delegado em São Paulo. A maior concentração de ex-dirigentes sindicais está no Ministério da Saúde, do ex-diretor do Sindicato dos Médicos de Pernambuco Humberto Costa. Lá estão mais de 30% dos ex-sindicalistas. Mas há pessoas ligadas ao movimento em praticamente todas as áreas do governo. Tilden Santiago, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas, é embaixador em Cuba, por exemplo. SEBRAE O novo presidente do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), Paulo Okamoto, foi diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC entre 81 e 83, à época em que Jair Meneguelli presidiu a entidade. Desde o início do governo Lula, Meneguelli é presidente do Serviço Social da Indústria (Sesi). Dono de um orçamento anual de cerca de R$ 900 milhões, o Sebrae está presente nos 26 Estados e no Distrito Federal. Uma entidade do "sistema S" - como Sesi e Senac -, ele recebe contribuições do empresariado e do orçamento para promover cursos, dar orientações e apoiar políticas para empresas que empregam menos de 19 pessoas e cujo faturamento anual não ultrapassa R$ 120 mil. Okamoto receberá um salário de cerca de R$ 30 mil. Eleições para superintendentes estaduais ocorrem a cada 2 anos. Segundo o Sebrae, no fim do ano houve renovação de um terço deles. O restante foi reconduzido. Pelos dados do Sebrae, existem 4,6 milhões de pequenas e microempresas, responsáveis por 20% do PIB do País.