Título: Fuzil automático dos Dragões some no Planalto
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2005, Nacional, p. A6

Um fuzil automático leve (FAL), calibre 7.62, usado por militares do Regimento de Cavalaria de Guardas - os Dragões da Independência -, que fazem a segurança externa do Palácio do Planalto, foi furtado no fim de semana. O Centro de Comunicação Social do Exército (CeComSEx) confirmou o desaparecimento da arma e informou que um inquérito policial militar (IPM) com prazo de 20 dias para ser concluído foi aberto para investigar o ocorrido. Cerca de 30 militares que estavam de serviço na segurança externa do Planalto de sábado para domingo ficaram detidos no Regimento de Cavalaria desde que se constatou, na manhã de domingo, que a arma havia sumido. Eles estão sendo ouvidos pelo encarregado do inquérito.

O desaparecimento do FAL deixou a segurança do Planalto surpresa e preocupada, principalmente porque é a primeira vez que se tem notícia desse tipo de ocorrência no local. Nos últimos anos têm sido registrados furtos de muitos notebooks no Planalto, mas roubo de arma é um fato inédito. O furto ocorreu no momento em que está em fase de instalação no Planalto e nos demais palácios um completo sistema de segurança com câmeras, bloqueadores de passagem e detectores de metal.

O comandante da guarda, um tenente do Exército, deu por falta do fuzil na manhã de domingo, quando foi fazer a conferência de praxe, com todos os soldados, no momento em que estes deixavam o Planalto para regressar ao quartel. Quando saíram do Regimento, na manhã de sábado, em direção ao palácio, todos estavam com seus fuzis, de acordo com informações do Exército. Faziam parte dessa equipe de guarda 1 tenente, 3 sargentos, 3 cabos e 23 soldados.

Durante o dia, quando os soldados não estão no serviço de patrulhamento, as armas ficam guardadas numa sala chamada Corpo da Guarda, no anexo do Planalto, próximo às garagens. Os soldados do regimento se revezam, a cada seis meses, com os do Batalhão de Guarda Presidencial, na proteção das dependências externas do Planalto, da Alvorada, da Granja do Torto e do Palácio do Jaburu.

Ainda não se tem idéia do momento em que o fuzil desapareceu, mas acredita-se que o episódio envolva gente que trabalha nesse serviço de segurança. O comandante do regimento de cavalaria, coronel Souto Martins, preferiu nada comentar, alegando que a investigação do IPM é sigilosa.

Furtos de armas em instalações oficiais já ocorreram no Rio de Janeiro, onde Exército, Marinha e Aeronáutica têm tomado várias medidas para evitar a ação do tráfico, que tem interesse nesse tipo de equipamento de grande potência. Nos últimos dois anos, não houve furto de armamentos nas unidades militares do Exército em Brasília.

Os dados registrados na força são de que, em todo o País, foram roubadas 109 armas no período, entre fuzis e pistolas. Do total, 106 foram recuperadas. Por isso, o Exército acha que o fuzil roubado no Planalto será recuperado.

No ano passado o Exército registrou o envolvimento de 14 militares em episódios de desaparecimento de armas em todo o País. O efetivo era de 214 mil homens. Em 2003, quando o efetivo era de 185 mil homens, 13 militares se envolveram nesse tipo de crime.