Título: Fome é escândalo moral, diz agência
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2005, Vida&, p. A10

A FAO (agência da ONU para a agricultura) aponta que a existência da fome hoje no mundo é um "escândalo moral" e uma prova do "fracasso" da comunidade internacional em adotar políticas públicas. As entidades ligadas à ONU e que cuidam de questões relacionadas com a alimentação pedem ações imediatas por parte dos países ricos e pobres para que as metas do milênio sejam atingidas até 2015. Pelas metas estabelecidas pela ONU, o mundo deveria reduzir a fome em 50% nos próximos dez anos. A FAO, apoiada pelo Programa Mundial da Alimentação e pelo Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, lembra que existem recursos e alimentos em quantidades suficientes no planeta para que ninguém passe fome. "Mas temos hoje mais de 850 milhões de famintos hoje no mundo, um número que está crescendo", afirmam as organizações.

Para a FAO, não há outra solução senão incrementar o financiamento ao desenvolvimento das regiões mais carentes. Em muitos casos, são as zonas rurais as mais afetadas pela pobreza e pela fome. Mas são exatamente as regiões rurais as que menos recebem ajuda financeira dos países ricos. "Atualmente, apenas 8% dos recursos transferidos de países ricos para os pobres vai para o desenvolvimento rural", afirma a FAO, que lembra que são os fazendeiros mais pobres os mais afetadas pelas barreiras comerciais impostas pelos países ricos nos fluxo de produtos agrícolas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também pede um maior investimento por parte dos governos para que as metas relacionadas à aids, malária e outros problemas de saúde sejam cumpridas. "Temos a tecnologia para atingir as metas. O que precisamos é de recurso e de vontade política para que esse esforço não seja vazio, como foram tantos no passado", afirmou Jong-Wook Lee, diretor da OMS. A agência da ONU ainda pede um maior acesso a medicamentos e políticas públicas voltadas para solucionar problemas de saúde em todo o mundo.