Título: Construção de hidrelétrica em SC é suspensa
Autor: Kazuo Inoue
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2005, Vida &, p. A11

O engenheiro Nei Clivatti, da Corupá Energia, afirmou ontem em Florianópolis que a empresa fará todas as modificações necessárias no projeto de construção de uma usina hidrelétrica utilizando as águas da Cachoeira da Bruaca, em Corupá, no norte de Santa Catarina. A Fundação do Meio Ambiente (Fatma) suspendeu o licenciamento ambiental prévio que havia concedido e está refazendo todo o trabalho de análise do projeto e das condições da área para determinar sua viabilidade. A obra, para o Instituto Rã Bugio, é um atentado ao meio ambiente: "Não existe vazão de água suficiente para a geração de energia", afirma o dirigente da instituição, Germano Woehl Júnior, que encaminhou denúncia ao Ministério Público. Segundo ele, ao contrário do que foi afirmado pelo responsável pelo empreendimento, assim como pelos técnicos da Fatma, a construção da hidrelétrica causará sérios prejuízos ao ambiente, que vão do corte de mata nativa para o acesso ao local a interferência no volume de água da cachoeira e em todo o ecossistema daquela região. "Nem realizaram audiência pública para discutir o projeto", denuncia.

De acordo com o órgão ambiental, não há um parecer de equipe multidisciplinar para embasar as licenças ambientais prévia e de instalação. Além disso, não se informou que há uma unidade de conservação a jusante do empreendimento, não se observou a legislação aplicável à compensação ambiental e não há autorização de corte de vegetação.

Clivatti informou que já se reuniu com técnicos da Fatma: "Estou tranqüilo. Nesta semana será feita a inspeção da área. O procedimento é correto, pois a Fatma quer evitar problemas futuros." A usina, com capacidade de gerar 15 megawatts, está orçada em R$ 28 milhões.

FÓRUM AMAZÔNICO

Começou ontem oficialmente em Manaus o 4.º Fórum Social Pan-Amazônico. A solenidade de abertura, na sede da Universidade do Estado do Amazonas contou com a presença de autoridades de vários segmentos. Representantes de nove países, entre eles Equador, Argentina, Bolívia, Guiana e Índia, estarão presentes nos debates. A idéia é regionalizar as discussões e aprofundar as questões da Amazônia.

Segundo José Luiz Del Royo, do Comitê Internacional do Fórum Social Mundial, esse é o primeiro passo de uma caminhada rumo à democratização nas fronteiras sociais. "Precisamos radicalizar a democracia, a começar pelas fronteiras, radicalizar intercâmbios de solidariedade, fomentando a troca de experiências", disse.

O prefeito de Manaus, Serafim Correa (PSB), indagado sobre a possibilidade de a cidade de se firmar como sede permanente do fórum, foi categórico: "Isso não é possível, porque cada cidade deve receber esse encontro que discute a diversidade."