Título: Comércio supera queda de três anos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2005, Economia, p. B2

Em novembro do ano passado, segundo dados apurados pelo IBGE, o movimento do comércio varejista aumentou 6,44% em relação ao mesmo mês de 2003, embora se desacelerasse em relação a outubro, particularmente no caso das vendas de móveis e eletrodomésticos, que, mesmo assim, foram 22,4% maiores que em novembro de 2003. A desaceleração explica-se, antes de mais nada, em função da base de comparação, pois em outubro do ano passado as vendas no varejo tiveram um forte impulso, que se amainou em novembro, tanto pelo esgotamento do crédito como porque as famílias aguardavam a entrada do 13.º salário em dezembro. O fato mais importante, no entanto, é que, no acumulado dos 11 primeiros meses de 2004, o movimento de vendas aumentou 8,98% (12,23% em valor nominal) e, mesmo com o ligeiro declínio de novembro, pode-se ter a certeza de que, como um todo, o comércio varejista terá crescimento pelo menos 8% em 2004, compensando com sobra as quedas registradas em 2001 (1,57%), 2002 (0,6%) e 2003 (3,67%). Os dados já disponíveis de dezembro mostram que as vendas dos supermercados aumentaram 4,43% em relação a dezembro de 2003. No ano inteiro o aumento foi de 2,57%, ante uma queda real de 4,5% em 2003.

Essa melhora do movimento comercial reflete o crescimento da renda das famílias, que só não teve efeito ainda mais positivo por causa da alta da taxa de juros, por sua vez parcialmente amenizada pelo sistema de crédito com desconto em folha. Esse sistema de crédito, com custo muito inferior ao do crédito pessoal e ao do cartão de crédito, influenciou o crescimento setorial das vendas no acumulado do ano. As que mais cresceram, durante o ano, foram as de móveis e eletrodomésticos (26,95%), bens adquiridos predominantemente a prestação. O menor crescimento foi no setor de tecidos, vestuário e calçados (4,73%), produtos semiduráveis. As vendas de combustíveis e lubrificantes cresceram apenas 4,79% - apesar de um aumento de 17,7% das vendas do setor automobilístico (que, aliás, não figura nas estatísticas de vendas do comércio do IBGE) -, em razão da elevação do preço da gasolina. Nos 11 primeiros meses do ano, o aumento de vendas nos supermercados foi de 6,91%, superior ao crescimento do PIB, que deverá ficar abaixo dos 6% em 2004.

Para 2005 as previsões são de um novo aumento das vendas comerciais, mas inferior ao observado em 2004, em razão da queda dos preços agrícolas e da redução do ritmo das exportações.