Título: Goldman pode comprar participação no Pactual
Autor: Priscilla Murphy
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2005, Economia, p. B5

O banco de investimentos norte-americano Goldman Sachs e o brasileiro Banco Pactual estão discutindo uma parceria, confirmou uma fonte próxima às negociações à agência Dow Jones. "Os bancos estão conversando, mas o formato de uma eventual parceria ainda não foi acertado", disse a fonte. Em sua edição de ontem, o jornal Valor publicou uma reportagem anunciando que a Goldman vai comprar uma participação relevante no Pactual, criando uma joint venture de US$ 2 bilhões. Oficialmente, o Banco Pactual, por meio de sua assessoria de imprensa, não quis se pronunciar. Um porta-voz do Goldman Sachs em Nova York também não quis comentar o assunto. De acordo com o Valor, os dois bancos vão criar uma entidade brasileira denominada Goldman Sachs Pactual. O jornal disse que o Goldman Sachs teria participação de 40% a 50% na parceria.

O banco americano tem valor de mercado de US$ 51 bilhões. Já o Pactual estaria avaliado em cerca de US$ 1,5 bilhão e tem patrimônio líquido no Brasil de R$ 545 milhões.

O Pactual atua principalmente com gestão de recursos, tesouraria e investment banking. "O ano passado foi o ano do Pactual", diz uma fonte do mercado. "Enquanto muitos bancos tiveram desempenho medíocre, eles tiveram excelentes resultados com negociação de ações e renda fixa e as maiores rentabilidades nos fundos de ações." O banco também foi um dos principais em operações de oferta de ações.

Na América Latina, o Goldman é forte na área de fusões e aquisições. Mas o banco americano só tem escritório de representação no País. A instituição já ensaiou aumentar sua presença no Brasil algumas vezes - chegou a contratar funcionários para trabalharem aqui, os quais foram posteriormente realocados para Nova York. "Eles sempre foram mais reticentes", diz um analista. "Enquanto o ING e a Merrill Lynch chegaram com tudo e depois tiveram que recuar, o Goldman sempre foi mais cauteloso."

Para Renata Heinemann, economista do Pátria Banco de Negócios, a operação é um sinal do interesse crescente pelo Brasil. De acordo com Renata, o País deve ser alçado à categoria de "investment grade" dentro de quatro ou cinco anos, e muitos investidores querem se antecipar. "Para eles, quatro anos não é um horizonte tão longo. Eles querem aproveitar para entrar agora, porque ainda está barato."

O jornal afirmou que os dois bancos devem trocar ações como parte do acordo e que o Goldman Sachs não ficará com o controle do Pactual, um banco de investimentos agressivo, controlado por três sócios: André Esteves, Gilberto Sayão e Antônio Carlos Porto.

"Aparentemente, ainda há muitos detalhes a serem acertados, mas, se acontecer, será um bom negócio para os dois bancos", disse Gustavo Pedreira, analista da ABM Consulting. Segundo a reportagem, o acordo pode ser anunciado nas próximas duas semanas.