Título: Aviões e navios nos planos da CVC
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2005, Economia, p. B16

O empresário Guilherme Paulus está rindo à toa. Dono da agência de viagens CVC, a maior do País, viu seu negócio crescer 38% no ano passado, com relação a 2003. Para ele, a retomada econômica transformou 2004 em um marco histórico para o turismo brasileiro. A CVC transportou 1,2 milhão de passageiros, ante uma estimativa de 700 mil feita no início do ano. Entusiasmado com esse desempenho, o empresário agora pretende ousar mais. Ele planeja lançar em setembro sua própria companhia aérea, a Samba, e está negociando o arrendamento de um navio de cruzeiro para viajar durante todo o ano pela costa brasileira. Atualmente, os cruzeiros acontecem apenas durante o verão no País. "Há 90% de chances de o Pacific continuar no Brasil depois de março, quando acabar a temporada deste ano", diz Paulus. O navio, de perfil mais popular, pertence à empresa espanhola Pullmann Tours, que também é dona do outro navio arrendado pela CVC, o Blue Dream, mais luxuoso. Neste verão, o Pacific tem feito cruzeiros entre as capitais do Nordeste e Fernando de Noronha. Manter o navio no País por todo o ano exigirá da CVC um investimento de cerca de US$ 36 milhões. "O mercado de cruzeiros é extremamente promissor e achamos que é possível realizá-los durante todo o ano".

No que diz respeito à expansão aérea da companhia, Paulus participará na próxima semana da primeira reunião para a criação da Samba no Departamento de Aviação Civil (DAC). O órgão concedeu sinal verde para a criação da empresa há pouco mais de duas semanas. A fase inicial de criação da empresa deve consumir, segundo o empresário, entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões. Nesse cálculo ele não inclui os aluguéis dos seis Fokker 100 da TAM que formarão a frota inicial da futura empresa.

"O cálculo inclui apenas os gastos com abertura da empresa, estrutura física e contratação dos funcionários de terra e tripulantes", diz o empresário. Paulus pretende aproveitar a oferta de mão-de-obra qualificada no setor aeronáutico brasileiro. A manutenção dos aviões deverá ser realizada nas oficinas da TAM em São Carlos, interior de São Paulo. "Agora, só falta chegar a um acordo com relação ao preço do aluguel dos aviões."

A Samba deve realizar apenas vôos fretados e atender os pacotes vendidos pela CVC. Em princípio, a empresa deve realizar 48 vôos semanais nos primeiros meses de funcionamento. "É pouco ainda. Vamos precisar de aviões de outras empresas. Nessa temporada de férias, a CVC vem realizando uma média de 164 vôos por semana", explica Paulus.

A Samba deverá ligar São Paulo aos destinos mais populares da empresa: Porto Seguro, Rio de Janeiro, Maceió, Natal, Fortaleza, Vitória e Porto Alegre, ponto de partida para os pacotes pelo Sul do País.

Com as novidades, Paulus planeja alavancar o crescimento da empresa em 30% em 2005, e chegar à marca de 1,5 milhão de turistas embarcados em seus pacotes. A estratégia também tem em vista o fortalecimento do modelo de turismo adotado pela CVC, que segue os padrões de empresas européias como a inglesa Thomas Cook e a alemã Tui. Ambas as companhias são gigantes que foram além da criação e venda de pacotes e se transformaram em impérios que englobam hotéis, frotas de ônibus e de aviões.

Outra conquista da CVC em 2004 foi o aumento de estrangeiros embarcados para o Brasil a partir de seus escritórios em Miami e Buenos Aires. A loja de Miami apresentou um aumento de 71% na venda de pacotes para o Brasil - saltaram de 751 para 1.286 entre 2003 e 2004. Na unidade de Buenos Aires, o aumento foi de 61% - 3.122 em 2003 para 5.035 em 2004.

Esse desempenho é estímulo para o próximo passo de Paulus. O empresário planeja abrir uma nova agência, agora no exterior, com sede provalvelmente na Espanha. O objetivo é trazer turistas estrangeiros para as praias do Rio e do Nordeste. "É um projeto que está ainda em estágio embrionário, mas que está sendo avaliado com toda atenção", diz.