Título: Novos exportadores entram em campo
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/01/2005, Economia, p. B1

O futebol europeu, pródigo em importar craques brasileiros, virou freguês de mais um produto verde-amarelo: os uniformes tamanho RN (recém-nascido) e PP. As roupinhas para bebês, de times como os italianos Inter de Milão, Milan e Roma, ou os alemães Hansa Rostock e Mainz, estrearam na pauta de exportações, contribuindo para reforçar a tendência de crescimento do número de novas empresas que passaram a buscar lucros além das fronteiras nacionais. No ano passado, o número de novas companhias exportadoras foi de 865, mais do que o dobro das 336 empresas que passaram a exportar no ano anterior. Nos últimos seis anos, nada menos do que 4.500 companhias que antes não se arriscavam no mercado externo passaram a exportar. O crescimento foi de 32%. São, em sua grande maioria, pequenas e médias empresas.

Umas das estratégias bem-sucedidas na conquista de mercado pelos novos exportadores é a participação em feiras e missões internacionais. "Quando o empresário brasileiro vê expositores de outros países em uma feira internacional, ele percebe que tem preço e qualidade para competir lá fora", afirma o vice-presidente da Agência de Promoção de Exportações (Apex), Alessandro Teixeira. "Esse esforço, a longo prazo, pode ajudar a elevar a participação do Brasil no comércio internacional, que hoje é de apenas 1%."

Na avaliação da Associação de Comércio Exterior do Brasil, a crescente presença das empresas brasileiras no exterior tem mais um ingrediente, além da promoção comercial: a fraca demanda interna, que levou as empresas a buscarem novos mercados. Foi o caso da indústria de cimento, que não tinha tradição exportadora. A Cimento Tupi, por exemplo, está usando a capacidade ociosa de duas fábricas para exportar. A maior dificuldade dos estreantes ainda é o desconhecimento sobre as barreiras internacionais.