Título: Chávez esfria relações com Colômbia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2005, Internacional, p. A17

Exigindo desculpas públicas do governo colombiano pela captura - em território venezuelano - de um dirigente da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, suspendeu ontem todos os laços diplomáticos e comerciais com o país vizinho. Chávez anunciou que o embaixador venezuelano em Bogotá, Carlos Santiago - convocado para consultas na véspera -, não voltará a seu posto até que as autoridades colombianas retifiquem o "gravíssimo erro" que cometeram. O caso que elevou a tensão entre os dois países teve início em 13 de dezembro, quando Rodrigo Granda, considerado o "chanceler" das Farc, foi seqüestrado em Caracas, onde vivia havia dois anos, segundo testemunhas. A captura de Granda foi anunciada dias depois pelo governo colombiano, Nesta semana, as autoridades de Bogotá confirmaram ter pago uma "recompensa" às pessoas que ajudaram na captura do guerrilheiro.

Horas antes de Chávez anunciar a suspensão das relações bilaterais, o vice-presidente colombiano, Francisco Santos, defendeu a ação colombiana como "um legítimo e necessário instrumento na luta contra o terrorismo".

Cinco soldados da Guarda Nacional da Venezuela e três do Exército foram detidos sob a suspeita de terem "seqüestrado" o dirigente das Farc.

"Sob qualquer ponto de vista, é inadmissível que altos funcionários colombianos subornem agentes das forças de segurança da Venezuela", disse Chávez durante seu discurso anual na Assembléia Nacional (ler mais ao lado). "Nada nem ninguém me tirará desta posição pois represento a dignidade do povo venezuelano."

Entre os negócios suspensos está a construção do gasoduto transcaribenho, um projeto de US$ 200 milhões que levaria gás natural da Venezuela para a costa colombiana do Pacífico. O acordo para a construção do gasoduto foi assinado em julho.

A Colômbia é também o segundo maior parceiro comercial da Venezuela.