Título: País abre 1,5 milhão de vagas
Autor: Vânia Cristino
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2005, Economia, p. B4

O Brasil fechou o ano de 2004 com saldo recorde na geração do emprego formal. Embora aquém das expectativas do governo - o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva alardeou mais de uma vez a criação de 1,8 milhão de empregos com carteira assinada no ano - o saldo positivo foi de 1.523.276 novos postos de trabalho. É o maior da série histórica do Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged) iniciada em 1992, e representa mais do que o dobro dos empregos formais criados em 2003, que somaram 645.433. Segundo o ministro interino do Trabalho, Alencar Ferreira, a expectativa do governo foi frustrada pelos dados de dezembro, quando houve a eliminação de 352.093 empregos. É o segundo pior resultado para dezembro da série histórica, só ultrapassado pelo desempenho negativo de dezembro de 1998. Naquela época o País enfrentava forte turbulência externa, com crise na Rússia, logo seguida da desvalorização cambial.Na época, a perda de postos de trabalho no mês chegou a 437.758.

O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, esperava que o último mês do ano resultasse numa perda de emprego inferior, inclusive, à verificada em 2003, quando o saldo foi negativo em 299.918 postos de trabalho. Não foi isso o que aconteceu.

Pressionada pela forte retração do setor de produtos alimentícios e de bebidas, a indústria de transformação eliminou 111.737 vagas. A entressafra no Centro-Sul do País fez com que agricultura fechasse 125.524 postos de trabalho e até o setor de serviços, afetado pela queda da oferta de emprego no ensino, demitiu em dezembro. Foi um corte de 66.281 vagas. Em dezembro, somente o comércio teve resultado positivo, com a abertura de 10.911 novos postos.

Sem exceção, o Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste registraram a diminuição do emprego com carteira assinada.

Alencar Ferreira, disse que a perda de postos de trabalho se destacou no interior devido à sazonalidade agrícola e ao desempenho negativo da indústria do acúçar e do álcool. Ele admitiu o recuo expressivo do emprego formal no interior do Estado de São Paulo. Dos 239.117 empregos perdidos no interior. 153.282 foram em São Paulo.

Na análise do ano, o quadro fica melhor para o governo. Dos oito setores de atividade econômica, só a administração pública teve desempenho negativo.

Na indústria de transformação o saldo líquido do emprego foi positivo em 604.610 vagas no ano passado, assim como no comércio (mais 403.940), nos serviços (mais 470.1230 e na agropecuária (mais 79.274). Até a construção civil conseguiu reverter o resultado negativo de 2003, quando foram cortados 48.155 postos de trabalho e apresentou, no ano passado, um resultado positivo de 50.763 novas vagas.