Título: IPCA reforça nova alta na Selic
Autor: Lucinda Pinto, Mario Rocha e Silvana Rocha
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2005, Economia, p. B9

O resultado do IPCA de dezembro movimentou o mercado financeiro ontem e reforçou as apostas de um aumento 0,5 ponto porcentual na taxa Selic, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa terça e termina quarta-feira. O índice subiu para 0,86% no mês passado, acima do número de novembro, de 0,69%, e das estimativas dos analistas, que previam IPCA entre 0,75% e 0,83%. Com isso, os contratos de DI reagiram e passaram a projetar um aumento de 0,5 ponto em janeiro e outro, na mesma intensidade, em fevereiro. Até quinta-feira, o mercado projetava um aumento entre 0,25 e 0,5 ponto percentual para o próximo mês.

O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) também sofreu as influências do IPCA acima das estimativas e passou maior parte do pregão em queda. Por outro lado, a divulgação do saldo de investimento estrangeiro este ano até o dia 11, que saiu do negativo e passou a positivo em R$ 16,8 milhões, animou os operadores.

Outro ponto positivo foi o PPI (índice de preços ao produtor) de dezembro, nos EUA. O índice caiu 0,7%, quando as expectativas eram de queda de 0,2%. De acordo com analistas, o índice reforça a tese de apertos graduais na taxa americana de juros. Já a produção industrial dos Estados Unidos andou em outro sentido, já que subiu 0,8% ante uma previsão de 0,4%.

Apesar da volatilidade, na última meia hora do pregão, uma disputa acirrada em torno de contratos da Telemar acabou provocando uma disparada na bolsa. No encerramento, o Ibovespa registrou alta de 0,48%, em 24.924 pontos.

Os títulos da dívida brasileira terminaram o dia em queda. O C-Bond recuou 0,43%, cotado a 101,2% do valor de face, e o Global 40 caiu 0,75%, em 114,25% do valor de face. Com isso, o risco país subiu 1,42% para 430 pontos. Desde 31 de dezembro, o índice acumula alta 12,30%.

O dólar comercial oscilou pouco e em sintonia com a alta da moeda americana ante o euro e outras divisas internacionais. Um fluxo comercial mais forte à tarde teria justificado um leilão de compra pelo Banco Central. A moeda fechou em alta de 0,11%, cotada a R$ 2,7020. A oscilação dos preços do petróleo também foi monitorada ontem, mas não influenciou diretamente os negócios. Em Nova York, o contrato para fevereiro subiu 0,71%, ao fechar a US$ 48,38 o barril. A próxima resistência técnica está em US$ 49,40 o barril.