Título: Ônibus-laboratório atrai multidões
Autor: Evanildo da Silveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2005, Vida &, p. A21

Desde julho, um ônibus pouco comum já percorreu 15 mil quilômetros pelo Brasil, parando em várias cidades, onde tem atraído multidões de até 5 mil pessoas por dia. É o Arqueobus, um laboratório ambulante montado dentro de um ônibus, que, além de dar apoio para pesquisas arqueológicas de campo, serve para divulgar as principais descobertas nessa área. O Arqueobus foi desenvolvido pelo arqueólogo Paulo Zanetinni para, a princípio, dar suporte às pesquisas que sua empresa de consultoria arqueológica realiza para órgãos públicos, em grandes projetos de rodovias ou barragens, por exemplo. Com o tempo, no entanto, o veículo começou a atrair a atenção das pessoas aonde chegava.

Hoje ele é muito mais do que um laboratório de arqueologia ambulante. "O Arqueobus não apenas dá apoio às pesquisas, mas também se transformou em um instrumento multimeio, para divulgar os principais trabalhos realizados por arqueólogos brasileiros", diz Zanetinni. "Além disso, a idéia do projeto é fomentar diversas atividades educativas para populações dos municípios aonde chegamos para trabalhos e escavações arqueológicas."

AUTONOMIA

Na verdade, o ônibus pode servir como sala de aula, museu, biblioteca e auditório. Para isso, o veículo conta com 11 computadores conectados em rede, que podem ser usados para a realização de cursos gratuitos de capacitação e de formação profissional na área de arqueologia. Além disso, tem uma ilha de edição para a criação de vídeos.

Segundo Zanetinni, os computadores do Arqueobus têm programas de realidade virtual e games que permitem criar simulações de locais e monumentos do patrimônio histórico nacional. "É uma excelente ferramenta pedagógica, que pode fazer reconstituições eletrônicas de cidades históricas", explica Zanetinni. "O game contextualiza a formação de uma cidade, por exemplo, com linguagem interativa, mostrando aspectos relevantes da geologia, arqueologia e ecologia da região."

Além dos computadores e de outros equipamentos eletrônicos, o Arqueobus tem reservatórios de água e gerador de energia elétrica.

"O veículo pode abrigar até 11 pessoas", diz. "Ele tem autonomia para oferecer suporte para escavações em locais remotos por até uma semana. Quando não está realizando pesquisas no campo, o ônibus pode estacionar nas cidades e divulgar as descobertas realizadas por sua equipe de arqueólogos."

SUCESSO

As primeiras escavações da empresa de Zanetinni com o apoio do Arqueobus foram realizadas em julho, no centro histórico de Campinas. "Foi um sucesso", conta. "Os material descoberto era mostrado ao público à medida que ia sendo desenterrado. Chegamos a atrair 1.500 pessoas por dia. Até hoje, em nossas andanças pelo País, estimo que o ônibus tenha sido visitado por 75 mil pessoas."

Depois de Campinas, o Arqueobus passou por outras cidades de São Paulo, Mato Grosso, Goiás e pelo Distrito Federal. Atualmente, o veículo está estacionado em Alto Horizonte, em Goiás.

"Nos próximos dias vamos partir para Vila Bela da Santíssima Trindade, cidade histórica, planejada e fundada em 1746", diz Zanetinni. "A partir de 1752 passou a ser a primeira capital de Mato Grosso e o ponto extremo do Império Português no ocidente. Vamos resgatar essa história e mostrá-la à população da cidade e ao Brasil."