Título: Ajuda pós-racionamento não atraiu distribuidoras de energia
Autor: Irany Tereza
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2005, Economia, p. B1

Apenas "7 ou 8" das mais de 60 distribuidoras de energia do País se inscreveram no programa de capitalização oferecido pelo BNDES com o objetivo de anular as perdas financeiras do setor pós-racionamento. Os pedidos encaminhados representam um volume de recursos de cerca de R$ 2,5 bilhões, mas apenas um está aprovado, no valor de R$ 800 milhões, para a NeoEnergia (antiga Guaraniana), holding que reúne distribuidoras do Nordeste e é controlada pela Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e pela Iberdrola. As demais empresas com pedidos em análise não são identificadas pelo banco, por questão de sigilo. Até abril, segundo o vice-presidente do BNDES, Demian Fiocca, estará encerrado o processo de análise, já que o prazo legal para liberação termina em junho. "À primeira vista poderia parecer que o fato de não terem entrado tantas distribuidoras fosse motivo de preocupação ou de insucesso do programa. É, mais ou menos, o contrário. Se não entraram, não estavam precisando", diz Fiocca.

Ele acredita que o programa de socorro do BNDES contribuiu mesmo para as empresas que não aderiram. "Desde a época em que se identificou o problema, em 2003, houve grande melhora do setor. Isso se deveu, em parte, à melhora da própria atividade econômica, mas também ao programa. A percepção de que as empresas estavam em dificuldades diminuiu porque se permitiu a elas renegociar melhor, houve aumento de credibilidade, alongamento de crédito e melhora da estrutura de capital."

Pelo programa, o BNDES adquire das empresas debêntures conversíveis, ou seja, empréstimos que podem virar participação acionária, no limite de até 50% do valor que os bancos privados renegociam as linhas de curto prazo. "O BNDES não está disposto a fazer sozinho o esforço de melhorar a estrutura de capital do setor. Só colocaremos dinheiro se os outros interessados colocarem, se o acionista passar a correr mais riscos e os bancos renegociarem os empréstimos."