Título: O dia em que 133381 bebeu a liberdade
Autor: Fred Melo Paiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/01/2005, Aliás, p. J4

Raymond Frajmund tem um discurso surpreendente. Fala com típico sotaque judeu, aquele que mistura os gêneros como se levantasse bandeira contra os preconceitos de sexo. Até aí, tudo certo: ele é judeu, nascido na França e criado na Polônia. O que confere caráter único à sua retórica é o mistura disso a três palavrões: m., p. e f., ditos no melhor português do Brasil, onde vive desde 1953. Costuma usá-los quando está empolgado no relato de alguma coisa - e carrega na ênfase dos mesmos quando trata de seu passado no campo de concentração e extermínio de Auschwitz. Frajmund é um sobrevivente das atrocidades nazistas. Prisioneiro aos 15 anos, estava com 17 quando o exército russo cercou Auschwitz, obrigando os alemães à fuga. Quinta-feira próxima celebram-se 60 anos de libertação do campo de extermínio, em 27 de janeiro de 1945. A bem da verdade, Raymond e outras 4 mil pessoas tinham sido retiradas de lá dois dias antes, no que ficou conhecido como Marcha da Morte. A ofensiva russa, no entanto, acabou lhe valendo a liberdade - e um porre de vodca em um quartel improvisado do exército vermelho.

Antes da guerra, Raymond Frajmund vivia com o pai, a mãe e a irmã em Bruxelas, na Bélgica. Em 1940, a invasão alemã transformou radicalmente suas vidas: a irmã foi morta em um bombardeio naquele mesmo ano. O resto da família abrigou-se em um apartamento na periferia, guardado sob identidades falsas. Frajmund foi preso em 1942, apanhado em uma blitz quando saía para comprar comida. Jamais delatou o paradeiro dos pais. No trem que o levou para Auschwitz, viajaram 1.553 prisioneiros. 1.475 foram mortos logo que desembarcaram. Depois da libertação, em 45, os sobreviventes do "transporte 21" eram apenas 40: 20 homens, 19 mulheres. E 1 adolescente.

Raymond ganhou uma marca permanente no braço esquerdo, o número de identificação 133381, tatuado assim que entrou no campo de Auschwitz. Fora dele, teve de passar por tratamentos psiquiátricos para que pudesse manter a sanidade. Em 1953, decidiu abandonar a Europa, deixando para trás o cenário de suas piores lembranças. Mudou-se para o Brasil.

Por aqui, fez uma bela carreira de fotógrafo, embora jamais tenha se preparado para isso. Em maio de 1960, incentivado pelo jornalista Cláudio Abramo, empregou-se na sucursal do Estado em Brasília. Em 64, ganhou o Prêmio Esso de Fotografia pelo flagrante do tiro disparado pelo senador alagoano Arnon de Mello, pai do ex-presidente Collor, contra o acreano José Kairala, em pleno Senado Federal. A mesma imagem lhe valeu o Prêmio Mergenthaler da Sociedade Interamericana de Imprensa.

Aos 77 anos, Raymond Frajmund está casado com a filha de um diplomata francês, com quem teve dois filhos e três netos. Nunca mais deixou Brasília. Lançando mão de seu surpreendente discurso, ele deu ao Aliás um emocionado depoimento sobre um tempo que não se deve esquecer.

A MARCHA DA MORTE

"No dia 25 de janeiro de 1945, eu estava em um campo de concentração que fazia parte do complexo de Auschwitz, e que era conhecido como Jaworzno. Pela manhã, fomos trabalhar normalmente. Mas, na volta, lá pelas 6, 7 horas, percebemos que alguma coisa de anormal estava acontecendo, porque ouvimos as bombas explodindo ao longe - eram os russos, que estavam se aproximando do campo. Então recebemos ordens para pegar um cobertor e nos enrolarmos. Cada um ganhou um pão de 1 quilo. E, sem nenhuma explicação, partimos em marcha. Andamos a noite toda, seguimos em caminhada no outro dia, no outro e no outro. No total, foram oito dias em que fomos dirigidos pelos agentes da SS, que iam nos guardando com seus cachorros. Eles eram mais ou menos uns 200; e nós, 4 mil pessoas, a totalidade dos prisioneiros de Jaworzno. Caminhamos para o oeste, fugindo das tropas russas. Estava um frio terrível, 20º graus abaixo de zero. A cada 20 horas de marcha, parávamos perto de alguma aldeia para que os oficiais nazistas pudessem descansar, comer e se esquentar. Enquanto isso, ficávamos ao relento. Não se podia sentar no chão, porque senão você congelava. Fazíamos esforço para não adormecer, porque, se isso acontecesse, você acabava morrendo. De vez em quando, eles nos faziam correr pelos campos, cortando estradas e encurtando o caminho. Atrás de nós, durante a noite, víamos clarões e ouvíamos bombas - os russos estavam bem perto. Por causa disso, os alemães tinham ordens de não deixar provas para trás. Então, quando alguém tropeçava e caía, era morto por tiro. Depois desses oito dias, chegamos a outro campo de concentração, chamado Blechhammer. No início, éramos 4 mil; agora estávamos reduzidos a 700 - sei disso porque fomos contados e recontados pelos alemães. O resto caiu pelo caminho.

SOZINHO EM BLECHHAMMER

"Quando nos avisaram que iríamos sair de Auschwitz, muitos dos meus colegas se desesperaram: 'O que vai acontecer?' Eu disse: 'Qualquer coisa que aconteça é melhor do que ficar nessa merda.' Não queria mais continuar daquele jeito. Queria morrer ou ser livre. Quando cheguei em Blechhammer, estava tão exausto que me acontecia uma coisa extraordinária: meus braços pesavam de forma quase insuportável, pareciam ter 500 quilos cada um. Por isso a dor se concentrava nos ombros. Durante todos os dias de caminhada, comemos apenas 1 quilo de pão no primeiro dia. E bebemos neve. Então, depois de ser contado pelos SS, percebi que os alemães estavam mobilizando os prisioneiros do campo para levá-los em frente, junto conosco. Já estavam prontos, com o cobertor amarrado neles. A marcha ia continuar. Falei para mim mesmo: 'Eu estou acabado, não consigo mais, não tem mais jeito.' E saí andando como um sonâmbulo. Nessa hora, achei um barraco cheio de beliches. Sabia que poderia ser morto, se tentasse permanecer. Lá em Jaworzno tinham matado alguns doentes que não conseguiram se levantar. Pensei: 'Foda-se.' Subi até o terceiro andar de um beliche. E adormeci. Não sei por quanto tempo ou por quantos dias. Mas, quando acordei, estava inutilizado, os músculos todos estourados, pés e braços também. Com muito esforço, consegui descer e caminhar para fora do barraco. Olhei em volta e vi que estava sozinho: 'Porra, eles foram embora.'

TALVEZ LIVRES. TALVEZ

"Naquele campo vazio, coberto de neve, saí vagando. Andava sem rumo, quando de repente avistei ao longe dois outros prisioneiros. Estavam agachados em volta do fogo. Cozinhavam três ou quatro batatas. Eu me aproximei e eles se apresentaram: 'Somos prisioneiros daqui. Nós nos escondemos. Eles já foram embora faz uns dois ou três dias.' Ainda perguntei: 'Mas foram embora? Os alemães foram embora? Somos portanto talvez livres?' Nesse campo, que era enorme - para cerca de 10 mil prisioneiros, suponho -, sobraram umas 30 pessoas, que foram se juntando pouco a pouco. Achamos mais algumas batatas, e ficamos por ali, cozinhando. O campo, que estava coberto por essa neve espessa, de cerca de 20 centímetros, guardava dezenas de cadáveres, congelados nas posições mais grotescas - muitos deles tinham os braços para cima, como esculturas. Pareciam pedras, e nós tropeçávamos neles. Ao caminhar, descobrimos o lugar onde era o armazém do campo. Tinha muito pão e muita cebola. Enquanto estávamos lá dentro, os alemães voltaram. Primeiro começaram a atirar de longe, depois sumiram. Passado algum tempo, retornaram e novamente passaram a atirar. Enquanto comíamos, percebemos que havia tiros de um lado e bombas do outro. Estávamos no no man s land, a terra de ninguém - aquele espaço que fica entre as tropas em combate.

ESCONDIDOS NA LATRINA

"Dentro do armazém, comíamos enormemente - eu, com 1,70 metro, pesava 35 quilos. Nas imediações do campo, os combates prosseguiam. Já estávamos lá há quatro dias. Com a madeira dos beliches, fazíamos fogueiras e construímos uma barraca, onde dormíamos todos juntos. E comíamos, comíamos... Claro, isso resultou em uma fantástica diarréia - também, fazia quase dois anos que nossa ração diária tinha cerca de 200 calorias. Depois de cinco ou seis dias, estávamos dormindo quando ouvimos gritos em alemão. Aquilo me pareceu um pesadelo. Mas abri os olhos e vi uma luz de lanterna, muito fraca, carregada por homens de branco - era o disfarce do exército nazista para empreitadas na neve. 'Vamos embora', gritaram. Eram 10 soldados, e nós, 30. Então nos prenderam e, de novo, nos puseram em marcha. Antes de chegar no portão do campo, pensei: 'Não vou agüentar isso, porque a cada meia hora tenho de evacuar' - a diarréia era monstruosa. Então comecei a correr. Ao longo do muro que cercava o campo, que devia ter uns 60 metros, eu me pus a correr. Eles gritaram, atiraram, mas não me perseguiram. Consegui virar à esquerda no final desse muro, e então me joguei em uma latrina. Veio também um amigo francês. Corremos juntos, e nos jogamos juntos nessa latrina - lá dentro, para a nossa surpresa, já tinha uma outra pessoa escondida. Os alemães não vieram. Passamos a noite ali. No dia seguinte, saímos. Não tinha mais ninguém do lado de fora. Agora éramos três, e resolvemos que não iríamos mais ficar no campo. Fizemos um pacote de comida do armazém e saímos pela estrada - vazia, enorme, coberta de neve.

A PALAVRA MÁGICA: DE GAULLE

"Caminhamos pela estrada por cerca de uma hora. E de repente vimos ao longe umas silhuetas militares. Não tínhamos mais como fugir. Vinham a pé e eram quatro soldados. Em sentido contrário ao nosso, foram se aproximando. Quando estavam próximos, vimos que eram soldados russos - usavam aquele boné com a estrela vermelha. Eu falava perfeitamente o russo, porque na infância conversava em polonês com os meus pais e havia muitos prisioneiros russos em Auschwitz. Os soldados estavam apontando as armas para nós, assustados. E eu: 'Somos prisioneiros! Somos prisioneiros dos alemães! Somos amigos'! Estávamos com o uniforme listrado de branco e azul, mas acho que nunca tinham visto aquilo. Era um patrulha de soldados que tinham jeito de camponeses, não sei. Um deles tinha cara de asiático, talvez fosse mongol. É curioso, mas não conseguiam entender muito bem quem éramos. Eu repetia: 'Somos seus amigos! Somos prisioneiros dos alemães'! Mas eles olhavam, olhavam, aqueles sujeitos tão magros na frente deles, tão esquisitos... Aí, não sei por que o francês que estava comigo começou a gritar: 'De Gaulle! De Gaulle! De Gaulle'! Os soldados então se surpreenderam: 'De Gaulle'?! E começaram então a nos abraçar. Gritavam: 'Vamos matar esses alemães de merda'! Foi muito simpático da parte deles...

UM PORRE DE VODCA BARATA

"A patrulha nos levou a um acampamento do exército russo, a 1 quilômetro dali. 'Vamos mostrar a vocês os nossos amigos', disseram. Chegamos a uma fazenda e, na casa dessa fazenda, uma sala imensa abrigava 200 a 300 soldados russos - alguns estavam fumando, outros dormiam em um canto. A patrulha então nos apresentou: 'Olhem, nós temos aqui três De Gaulle! Três De Gaulle que nós salvamos! Três De Gaulle'! Todos gritaram vivas e ficaram muito felizes. Foi uma farra. Mas infelizmente eram tão gentis, tão simpáticos, que nos deram de beber uma vodca, ou alguma coisa parecida - um líquido meio azulado, talvez fosse álcool puro. Nós três tivemos que engolir aquilo, porque o russo toma tudo de uma vez. Caímos duros. Quando acordamos, com uma incrível dor de cabeça, imagine: todo mundo tinha ido embora, e estávamos sozinhos de novo. Mas aí andamos para o leste e encontramos mais russos. Entendemos enfim que já estávamos liberados.

A ÚNICA IDENTIDADE: 133381

"Fomos libertados em janeiro. Cheguei em casa, na Bélgica, no início de maio - quatro meses peregrinando. A guerra continuava - a Alemanha ainda era dos nazistas -, não havia trem, nada funcionava, e tínhamos de ir a pé. Os russos foram muito cordiais. Na medida do possível, tomavam conta da gente. Toda vez que chegávamos a um vilarejo, nos apresentávamos ao oficial russo, que nos dava um vale para receber pão na padaria e carimbava nossos documentos. Foram eles que devolveram nossa identidade. Porque, até então, apenas o número tatuado no braço esquerdo podia me identificar: 133381. Assim, acabei chegando na Cracóvia e, mais tarde, em Odessa, no Mar Negro. Um navio inglês então me pegou. Éramos cerca de 2 mil franceses. Dali, pelo Mediterrâneo, alcançamos Marseille - isso depois de despistarmos os submarinos alemães, que ainda estavam na região da Ilha de Malta. Cheguei em Paris no dia 1.º de maio de 1945. Alguns dias depois, já de trem, alcancei a Bélgica. Fui para a minha casa, e lá encontrei os meus pais. Meu pai e minha mãe - vivos!

A PIOR VIAGEM DO MUNDO

"Antes de a Alemanha invadir a Bélgica, vivia com os meus pais, clandestinos, em Bruxelas. Só eu fui capturado pelos nazistas e enviado a Auschwitz, de trem. Em cada vagão iam 50 pessoas, todas prisioneiras. Muita gente desmaiava, porque o calor é intenso no verão. Não nos davam comida nem água. O meu transporte foi o 21.º. O anterior, que saíra no dia 19 de abril levando 1.400 pessoas, tinha sido atacado pela resistência belga. A composição foi obrigada a parar. 231 prisioneiros fugiram e se salvaram. Eu, que recebia pacotes de comida dos meus pais, pedi que me mandassem um pouco de dinheiro e, se possível, um pequeno serrote, com o qual planejava fugir quando estivesse a bordo. Dentro do trem, levando comigo o serrote escondido no sapato, chegamos a fazer o buraco. Na hora em que nos preparávamos para pular, alguém saltou de um outro vagão. Os alemães atiraram loucamente e três pessoas foram mortas. Nós levamos porrada porque tínhamos serrado a madeira para pular. Foram três dias de uma viagem pavorosa. No meu vagão, outros três morreram antes do ponto final.

A FUMAÇA ENORME, PRETA

"Desembarcamos em Auschwitz-Birkenau, onde ficavam as câmaras de gás e os fornos crematórios. Na chegada, foi aquele pandemônio: nós pulávamos para fora dos vagões, os alemães gritavam ordens, os cachorros latiam. Um oficial da SS estava selecionando as pessoas, separando-as em filas. Não sabíamos de nada o que se passava lá dentro, não tínhamos nenhuma informação da monstruosidade que acontecia naquele lugar. Fui empurrado para uma fila de apenas cinco homens. Perto de mim, tinha um idoso, mais ou menos 60 anos, que disse me conhecer e conhecer os meus pais. Sugeriu que eu ficasse ali porque, por ser uma fila de pessoas mais velhas, seríamos selecionados para um trabalho mais leve. Fiquei quietinho. Quando tudo se acalmou, um SS me descobriu. Perguntou quantos anos eu tinha. 'Quinze.' 'Está doente?' 'Não.' 'Então vá para aquela fila de lá', ele disse. Juntei-me então a uma fila de jovens, e isso salvou a minha vida - porque na outra fila, aquela em que estava o amigo de meu pai, todos foram direto para a câmara de gás. Logo que entrei, tive de ficar nu e receber a tatuagem com meu número. Enquanto o sujeito me marcava, perguntei: 'Que lugar é esse? Para onde foram as outras pessoas?' E ele: 'Você tem parentes aqui?' 'Não', respondi. Então apontou para a fumaça que saía das chaminés e falou: 'Se você tivesse algum parente aqui, isso é o que restaria deles agora.' Eu olhei, e vi a fumaça enorme, preta.

24 HORAS NO INFERNO

"No meio da noite, eles achavam muita graça de nos acordar às 3h da manhã, de preferência no inverno, com 20 graus abaixo de zero. Mandavam que nos alinhássemos e fizéssemos exercício, que tirássemos e colocássemos o boné na cabeça repetidas vezes. Ordenavam que fizéssemos flexões de braço na neve. Tudo com gritos e porrada. A coisa se prolongava por uma hora, às vezes duas. No dia seguinte, tinha 3 ou 4 mortos entre os 200 do barraco. Levantávamos às 5 horas, com o dia ainda escuro - no inverno, só clareia lá pelas 10 horas. Lavávamos o rosto com água gelada e então formávamos uma fila, para que fosse feita a contagem dos prisioneiros - tratavam a gente como merda, mas nos contavam como se fôssemos ouro. Depois disso, distribuição de chá - um chá de ervas ou de grama, não sei. E só. Aí saíamos para o trabalho, uns 5 quilômetros em marcha. Alguns carregavam sacos, outros empurravam carrinhos, outros iam para a mina de carvão, como eu. Ao meio-dia, o trabalho parava para uma nova contagem. Em seguida, formávamos a fila da sopa - uma água com três ou quatro pedacinhos de batata ou couve. Às 13 horas voltávamos ao trabalho. Largávamos às 18 horas, éramos contados de novo e então ficávamos no barraco esperando o chamado geral. Em seguida, os 4 mil prisioneiros se alinhavam. Era entregue 1 quilo de pão para cada grupo de três. Depois de comer, íamos nos lavar - só o rosto e embaixo dos braços. Enxugávamos com a própria camisa. E dormíamos de novo. Essa rotina quase nunca era quebrada. Sobrevivi a isso por teimosia.

DEUS ESTÁ CONOSCO?

"Estive em uma casa de loucos e alienados, dirigida por sádicos. Os guardas da SS não eram seres humanos - eram totalmente anormais. O sadismo e a crueldade dessa gente não tinham limites. Nos anos que se seguiram à libertação, fiz tratamento físico e psiquiátrico. Sentia desespero e vergonha por me saber da mesma espécie de meus torturadores. Até hoje tenho pesadelos. Viro a cara quando vejo uma suástica. A história desse príncipe inglês (Harry), esse imbecil que se vestiu de nazista em uma festa, me dá ânsia de vômito. Como foi possível um povo europeu perpetuar um massacre como aquele? Se o povo alemão, tão culto e civilizado, foi capaz disso, para que serve a civilização? Eu me lembro que as tropas nazistas usavam um cinturão que tinha o seguinte dizer em sua fivela: 'Gott mit uns', Deus está conosco. Depois de tudo o que vi, não dá mais para acreditar em Deus."