Título: Reitores de Cuba e Brasil querem mais cooperação
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2005, Nacional, p. A7

Em meio à falta de recursos, reitores de universidades brasileiras e cubanas avaliam, em Havana, cooperações nas áreas de pesquisa, pós-graduação e educação básica. O encontro, organizado pelo Ministério de Educação Superior de Cuba e pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior do Brasil (Andifes), começou dia 23 e vai até sábado. Os reitores cubanos - de cidades como Havana, Matanzas, Santiago de Cuba, Camaguey - querem ajuda para criar um sistema de avaliação de cursos e adequar seus currículos aos parâmetros adotados no exterior. Já os brasileiros estão de olho nos avanços em vacinas e outros produtos farmacêuticos obtidos no país de Fidel Castro. Os dirigentes também discutem o reconhecimento de diplomas.

O modelo cubano de educação de crianças e adolescentes é visto como um exemplo pelo governo brasileiro. Em dezembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou em Manaus um centro esportivo voltado para estudantes carentes, um espaço inspirado num modelo de Cuba. Até o final deste ano, pedagogos brasileiros e cubanos participarão de um encontro sobre educação básica.

O reitor da Universidade Federal de Mato Grosso, Paulo Speller, afirma que as universidades brasileiras estão interessadas em conhecer experiências em instituições superiores não apenas de Cuba, mas dos demais países da América Latina. No próximo mês, professores da federal de Mato Grosso vão visitar uma série de faculdades do interior da Bolívia. "No caso de Mato Grosso, o que interessa em Cuba é o plano da pesquisa", diz Speller. "Os cubanos avançaram muito na produção de vacinas e já exportam inclusive para o Brasil." Speller conta que, nos anos 90, a federal de Mato Grosso abrigou 15 professores cubanos. Eles ajudaram a universidade a implantar a pós-graduação. Na época, a instituição não contava com um número suficiente de doutores.

PRIMEIRO E ÚLTIMO

O reitor salienta que os avanços de Cuba em saúde pública e alfabetização de crianças devem ser avaliados pelo Brasil. "Enquanto eles ocupam as primeiras posições nas pesquisas de indicadores sociais, o Brasil permanece nos últimos lugares." O jornal oficial cubano Granma informou, ontem, que o encontro dos reitores resultará em uma centena de acordos e intercâmbios nas áreas de meio ambiente, biotecnologia, energia renovável e edição de livros, entre outras. Os acordos serão firmados pelo vice-ministro de Educação Superior de Cuba, Eduardo Cruz, e pela presidente da Andifes, Ana Lúcia Gazzola.