Título: Garotinho promete dar 30 votos a Virgílio
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2005, Nacional, p. A10

Na tentativa de conquistar votos para sua candidatura avulsa à presidência da Câmara, o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG) se uniu a adversários ostensivos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governo federal. Ontem pela manhã, Virgílio recebeu o apoio oficial do ex-governador e atual secretário de governo e coordenação do Estado do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, que prometeu os votos de 30 deputados - entre eles 18 do PMDB e seis do PSC - para a eleição do petista mineiro. Além de Garotinho, Virgílio se reuniu também com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), outro desafeto de Lula. Mas, cauteloso, Temer não se comprometeu a apoiar a candidatura do mineiro. Avisou que a bancada do partido irá se reunir no dia 10 de fevereiro para definir uma posição oficial sobre a eleição para a Mesa da Câmara, marcada para o dia 14 de fevereiro. O PMDB está dividido e parte da bancada de 77 deputados apóia o candidato oficial do PT, deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP). Mas a ala oposicionista ao governo, liderada por Garotinho, quer votar em Virgílio.

DESRESPEITO

"A tendência é votar contra o candidato oficial por causa das intromissões do governo dentro da vida interna do PMDB. Prova disso é o desrespeito e pouco apreço das pessoas que cercam o presidente Lula. No momento de discutir a participação do PMDB no governo, o presidente do partido não foi chamado à casa do presidente Lula. Como é que podemos admitir uma coisa dessas?", disse Garotinho. Em sua avaliação, Virgílio é o melhor candidato porque "tem palavra". "Tudo o que o núcleo do governo federal tratou com o governo do Rio não cumpriu. Já o Virgílio cumpriu tudo o que prometeu para o Rio na reforma tributária", afirmou o ex-governador. Virgílio foi o relator da reforma tributária.

Ao lado de Garotinho, com quem tomou café da manhã, Virgílio Guimarães fez questão de dizer que é do PT e que isso assegura a manutenção da tradição e da proporcionalidade na Câmara para a escolha do sucessor do atual presidente João Paulo Cunha (PT-SP). Pela tradição, cabe ao maior partido da Câmara, no caso o PT, indicar o presidente da Casa. "A regra está absolutamente mantida", argumentou. O petista mineiro, que lançou sua candidatura à revelia do PT, observou ainda que seu partido tem posição histórica de defender candidatura avulsa. "Candidatura avulsa no interior da bancada é mais legítima do que outras. Respeito o meu partido e não há qualquer conflito", afirmou.