Título: Rede estadual terá currículo maior
Autor: Simone Iwasso
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2005, Vida &, p. A13

A partir deste primeiro semestre, os alunos do ensino médio diurno da rede estadual de ensino terão a matriz curricular aumentada de 25 horas para 30 horas semanais. Além disso, terão filosofia como disciplina obrigatória no primeiro e segundo anos. No terceiro, a escola poderá optar por sociologia ou psicologia. A mudança foi escolhida por 90% dos diretores das escolas, em uma votação proposta pela Secretaria Estadual da Educação na semana passada. Optaram pela ampliação, na votação de seis dias pela internet, diretores de 2.772 escolas da rede, que representam 77% do total. Eles escolheram pelo aumento da carga de aulas e pela maneira como ela será distribuída - 64% dos votos foram para a proposta já formulada pela secretaria.

Dessa maneira, os alunos terão na semana mais uma aula de português, matemática, história e geografia. No primeiro e segundo anos do ensino médio, eles terão duas aulas de filosofia. Para os de terceiro ano, a escola poderá optar por duas aulas de sociologia ou de psicologia - e também por uma aula a mais de biologia, física e química, a critério de cada escola.

De acordo com o secretário da Educação, Gabriel Chalita, a mudança será implementada a partir de 14 de fevereiro, quando começam as aulas na rede. No início, os professores das novas disciplinas, que terão de ter formação específica, serão chamados pela secretaria com base no concurso realizado no ano passado. No decorrer do ano, existe a possibilidade de realização de um novo concurso. No entanto, todos passarão por um processo de capacitação. "Já temos professores na rede e na lista de espera para começar as aulas", disse.

A mudança era uma reivindicação dos professores e diretores desde 1998, quando o governo Mário Covas, na gestão da secretária Rose Neubauer, diminuiu o período de aulas, passando de seis para cinco horas diárias. Para a implementação, o governo pretende investir R$ 90 milhões.

Apesar de comemorada por professores e diretores, a mudança é criticada por não se estender ao período noturno, que tem apenas 20 aulas semanais e onde estão 49% dos alunos do ensino médio, e ao ensino fundamental - ambos também perderam aulas em 1998. "É um pedido antigo nosso que finalmente foi atendido. Mas também queremos o aumento para o ensino fundamental e o período noturno", diz Roberto Leme, presidente do Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo.

A posição é a mesma do sindicato dos professores (Apeoesp). "Isso é muito bom, será uma melhoria na qualidade do ensino. Mas hoje mesmo protocolamos na secretaria uma proposta de ampliação da matriz para o ensino fundamental e o período noturno", diz Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp.